14 de dezembro de 2009

A Mulher Invisível, o mundo invisível

A mulher invisível é um filme brasileiro de comédia. É engraçado. E faz pensar. A trama do filme mostra um homem abandonado pela mulher que, depois de um tempo de luto, se encontra com uma mulher atraente, perfeita para ele, tão perfeita... e só ele a ve. Enquanto isso, a sua vizinha, uma mulher casada com um homem que a faz infeliz, sonha com o homem que vive no apartamento ao lado.
O que me chamou a atenção neste filme é que aqui não há só uma mulher invisível. Ou melhor, a cabe se perguntar qual mulher é a invisível. Porque neste filme há duas mulheres. E as duas são invisíveis. Uma é invisível para todo mundo. A outra é invisível para a pessoa que ela ama. A mulher invisível vista pelo protagonista representa tudo o que ele sempre quis. É uma projeção dele mesmo, um sonho, o desejo de não estar sozinho que faz com que este homem "fique louco" e invente uma coisa que não existe. Aqui se trata do homem que "ve só aquilo que quer ver". E muitos somos assim, muitas vezes, em determinadas situações. É mais fácil, afinal, levar a vida do modo que nos interessa, ver só as coisas agradáveis, ver o mundo do nosso jeito. Assim ele machuca menos. E podemos criar uma bolha na qual viver, isolados dos problemas dos outros, dos problemas do mundo. É o nosso mundo. É a nossa realidade. Mesmo que seja um sonho.

Por outro lado, está uma mulher de verdade. Todos sabem que ela existe, até o melhor amigo do protagonista se apaixona por ela. Mas quem ela ama, por quem ela se interessa, não percebe sua existência. Para ele, ela é literalmente invisível. No filme vemos que o seu marido a trata como uma coisa sem importância. Ela não tem direito a sonhar. Quando ele morre, ela fica livre. Mas tem medo. E quando se avizinha daquele por quem suspirou tanto tempo, ele confunde a sua realidade (já havendo passado pelo choque de reconhecer que a sua perfeita mulher não existe) com a realidade do mundo, na qual vive esta outra mulher. E pensa que ela é irreal. Afinal, ele estava tão concentrado no seu mundo que nunca reparou nela no elevador, na entrada do edifício, no seu próprio andar. E ela não fazia nada, também, para ser reconhecida. Se achava tão pouca coisa... isso acontece quando ouvimos ou somos tratados assim por muito tempo. Ou mesmo por pouco. Se a pessoa com quem moro me acha pouca coisa, com o tempo eu vou aceitar que deve ser verdade (sobretudo se se tem tendência à baixa auto-estima).

Bom, no final o protagonista reconhece a existência da mulher de verdade. Reconhece o seu valor. Sai do seu mundo (ou não, o filme mostra o homem indo atrás da mulher real junto com a mulher invisível) e mergulha no mundo real para procurar esta mulher que, mesmo sendo real, para ele foi invisível tanto tempo.

Muitas vezes, como já disse, nós passamos a vida enfiados no nosso mundinho. Pode ser o trabalho que nos absorve a vida, podem ser os nossos problemas. Podemos ser tão loucos para criar-nos pessoas invisíveis (em caso extremo, ou não? para pensar...) ou para inventar-nos problemas invisíveis. Mas geralmente nos basta com ver só aquilo que queremos. Porém, há um mundo lá fora, um mundo no qual vivemos. Um mundo que tem muito a oferecer, experiências novas, realidades novas. E também um mundo que precisa de nós. Se ficamos enfiados na nossa bolha de sabão, escapando da realidade, não vamos fazer nada de relevante. Não vamos cumprir nossa missão que, para mim, é ajudar a fazer deste um mundo melhor. Para o nosso próximo. Para os nossos vizinhos, os outros seres que habitam este grande mundo.

Como não poderia deixar de fazer alusão, é importante que nós, como "igreja", não esqueçamos que nosso lugar não é dentro de quatro paredes, cantando e ouvindo pregações todo domingo, terça, quarta, ou quinta. O nosso lugar é fora, nas ruas, nos lugares onde há miséria. A nossa bolha de sabão, nossa realidade irreal deve ser deixada de lado, devemos procurar a realidade, mesmo com todas as dores, com todas as mágoas, mas com todas as satisfações, com todas as alegrias que possa trazer. Jesus veio ao mundo a salvar este mundo, a sarar os feridos, amar os esquecidos. Sua igreja deve seguir seu exemplo. Devemos deixar de enxergar só aquilo que nos interessa (geralmente os pecados alheios) e passar a ver o que devemos ver. O que é real.

Quando o homem do filme percebeu seu erro, e toda a bagunça que fez, e a dor que causou à mulher real, optou primeiro pela saída fácil: voltar à mulher invisível. Algo que todos, em algúm momento da nossa vida, fazemos. É quase uma coisa instintiva, no ser humano, procurar a saída mais simples. Mas geralmente o melhor a se fazer é também o mais difícil.

Este filme, com todas as situações engraçadas, faz pensar. Mostra os dois lados da moeda, as duas invisivilidades do mundo. Por isso é um filme interessante.

12 de dezembro de 2009

Ahhhh Hipocrisia...

CALA A BOCA SEU BABACA!!! SÓ FAZ CRITICAR A CASA E SEUS PROFESSORES. AGORA VEM COM ESSE DISCURSO QUE AMA O SEMINARIO. O QUE VOCE TEM FEITO PRA AJUDAR O SUL? R: NADA!!! ENTAO AO INVÉS DE FOMENTAR DEBATES QUE NAO LEVAR AO A LUGAR NENHUM, PROCURE USAR TODO SEU "CONHECIMENTO'' PRA FAZER ALGUMA COISA. SE JUNTE AOS QUE ORAM E BUSCAM REALMENTE UM MEIO DE SALVAR UMA CASA QUE ESTA ATOLADA NUM MAR DE LAMA E DIVIDAS.

Este e-mail, recebido por um amigo de um remetente anônimo, é absurdo. Como é possível alguém que diz que "ora" (ai que coisa linda!) chamar um seu irmão em Cristo de BABACA? Como é possível que alguém que se diz ser vo do Senhor escreva um absurdo destes? Agora quem está inconforme com certas situações que estão acontecendo no seminário onde moramos e estudamos não pode falar! Não pode protestar! Já são poucos (quase ninguém) os que se atrevem a falar em voz alta suas opiniões, dúvidas e reclamações. E quem o faz recebe cartas ANÔNIMAS, ameaças e insultos! Que beleza, e isto por parte de quem se proclama defensor do seminário, crente fervoroso que "ora" e busca uma solução para o seminário... só que puxando o saco não se soluciona nada!

Ahhh hipocrisia, temos que estar dentro do molde, senão somos apontados como os ruins, os que não fazem nada por ajudar... claro, a gente tem que baixar a cabeça e morrer de medo e calar ante as injustiças às quais somos sometidos... e ainda tem gente que fala que estão fazendo tudo pelo bem de quem mora-estuda no seminário! É absurdo! É hipocrisia se dizer cristão e escrever uma coisa dessas. É hipocrisia pôr a máscara de santo, de crente, e ameaçar o próximo! É hipocrisia, é antiético, é totalmente ridículo que alguém queira calar a quem tem todo o direito de opinar, de expôr seus pensamentos!

Até onde chegarão estes "cristãos" que "oram" (da mesma forma que os fariseus oravam)? Até onde irá o seminário se ninguém se levanta para protestar? Ai de nós! Quando deixaremos o medo? Quando de verdade agiremos para procurar melhorar o nosso lugar de estudo e moradia, sem pensar nos interesses da instituição somente? E nós? Não temos voz? Não temos opinião?



11 de dezembro de 2009

Día de Censo en Belén

José y María llegaron a Belén al mediodía. El emperador César Augusto había dispuesto que se empadronasen los habitantes de las colonias romanas, y miles de ciudadanos volvieron a su villa de origen para hacerlo. La familia de José, oriunda de Belén, era la misma de David, el mítico rey bíblico, aunque su rama habíase venido bastante a menos. La necesidad lo obligó a emigrar a Nazaret, a muchas leguas de Belén, y él y su mujer tuvieron que recorrer a pie el largo camino de regreso. Estaban fundidos. El viaje había resultado particularmente duro para María, embarazada de su primogénito.
Buscaron alojamiento en una posada, pero eran caras y estaban repletas. Al final se acomodaron en una pesebrera habitada solo por una mula y un buey. Empezaban a descansar cuando apareció un eficiente empadronador del Departamento de Estadísticas que, al saber de los dos inquilinos del establo, acudió a cumplir con su deber e incorporarlos al censo.
Tras indagar por nombres y edades, sondeó el estatus económico de la pareja.
- ¿Profesión del varón?
- Carpintero -respo
ndió José.
- ¿Profesión de la mujer?
- Hogar -respondió María.
- ¿Ingresos mensuales?
- A veces poco y a veces nada -respondieron en coro.
- ¿Casa propia?
- No, pieza de alquiler.
- ¿Aljibe en casa?
- No, tinaja prestada.
- ¿Animales domésticos de su propiedad?
- Ninguno.
- ¿Trajes?
- Las dos túnicas que llevamos puestas.
El censista, conmovido, anotó "Estrato 1" y formuló la última pregunta:
- ¿Nombre de los antecesores del jefe de familia? Supongo -agregó-: que serán desconocidos, con lo cual escribiré N. N.
- Eso sí que no -protestó indignado José-. Sepa usted que soy pobre, pero de muy buena familia, pariente del rey David, y que entre mis antecesores no hay ningún N.N. Ya que lo preguntó, anote con buena letra.
Y empezó a dictar al sorprendido encuestador:
-Abraham engendró a Isaac; Isaac engendró a Jacob; Jacob a Judá, Judá a Fares, Fares a Esrom, Esrom a Aram, Aram a Aminabad, Aminabad a Naasón...
- Perdone: ¿ese Naasón lleva tilde? -interrumpió el funcionario.
- Sí, por tratarse de palabra aguda terminada en ene -respondió José, y prosiguió imperturbable -: Naasón engendró a Salmón (no confundir con Salomón, por favor), Salmón a Booz, Booz a Obed, este a Jesé y Jesé al rey David.
- Muchas gracias -dijo el empadronador aliviando el brazo.
- No, no, la cosa sigue: David engendró a Salomón, Salomón a Roboam, este a Abías, Abías a Asa, Asa a Josafat, Josafat a Joram...
- Mijo -lo detuvo María¿: voy a recostarme porque me siento como mareada.
- Anda -dijo José, y continuó-: Joram engendró a Ozías, Ozías a Joatam, Joatam a Ajaz, Ajaz a Ezequías, este a Manasés, Manasés a Amón, Amón a Josías y Josías a Jeconías y sus hermanos... ¿recuerda la historia del cautiverio en Babilonia?
La noche caía sobre el portal de Belén y José seguía dictando.
- Creo que sí -comentó el agobiado funcionario, que ya había llenado seis papiros proforma con los antepasados de José.
- Bueno, pues Jeconías engendró a Salatiel, Salatiel a Zorobabel, este a Abiud, Abiud a Eliaciam, que engendró a Azor...
- ¿Con zeta?
- Sí; los Asor con ese son una familia distintísima. Le decía que Azor engendró a Sadoc, Sadoc a Aquim, Aquim a Ekiud, Ekiud a Eleazar...
En ese momento una luz celestial iluminó el pesebre y flotaron cantos angelicales. José se vio obligado a gritar para que lo escuchara el agotado censista:
- Eleazar engendró a Matán, Matán, que era mi abuelito, engendró a Jacob, y Jacob, que era mi papá, me engendró a mí...
Se oyó entonces el llanto de un recién nacido y, desde el fondo del establo, agregó la voz dulce de María:
- ¡Y José acaba de engendrar a Jesús...!
El funcionario largó mamotreto y lápiz y cayó de rodillas, maravillado.
Por Daniel Samper Pizano
* Daniel Samper Pizano es un muy conocido y buen humorista colombiano

10 de dezembro de 2009