18 de junho de 2010

Quem Sou Eu?

Desde ontem venho ouvindo essa pergunta. Primeiro na sala de aula, e não saiu mais da minha cabeça. Hoje meu outro professor a repetiu. Não é uma pergunta de resposta fácil, já que quem eu sou é para mim um mistério tão grande... mas vamos por partes.

As aulas deste semestre curiosamente têm estado muito relacionadas umas com as outras, os temas convergem e dialogam entre si, e todos levam às mesmas conclusões:

A salvação é coisa para ser vivida na Terra, isso de que ser salvo é ir ao céu é coisa do passado. Nesse sentido, as aulas de ética e teologia têm me servido muito, já que a ética é algo que muitos estão transgredindo, e mesmo dentro da igreja o valor da vida se perdeu, por aquilo de que o ser humano 'é totalmente ruim'. Se somos totalmente uma porcaria, a melhor perspectiva que temos é morrer e ir para o céu. A vida na terra é algo de passagem, por isso, se sofremos aqui, ou se nossos direitos são violados aqui, ou se somos oprimidos e manipulados por ideologias que favorecem aos poderosos, não há como reagir: o mundo é assim, é mau, e não temos perspectivas de mudança ou libertação. Porém, tenho aprendido que o homem não é mau totalmente, é um ser complexo cheio de ambiguidades. Eu poderia falar que sou isso, um ser complexo, mas nem isso responde à pergunta de quem sou eu, porque ela não me está perguntando como sou, mas quem sou.

Outra coisa que aprendi, e que deriva da primeira, é que o sistema atual do mundo é totalmente contrário à mensagem de Jesus, à mensagem da vida, à simples lógica que diz que a vida é importante. Não só a vida dos ricos, não só a vida dos seres humanos. A vida da Terra tem valor, cada pequenino ser humano, criança, mulher, homem, ave, insetos, árvores, tudo é valioso, tudo merece respeito e tudo precisa de atenção. Parece algo que todo mundo sabe, mas acho que de tanto ouvir falar a gente acaba esquecendo a essência do valor da vida. Todo mundo sabe que o planeta está sofrendo, que se não mudamos nossa atitude o aquecimento global acabará conosco. todos sabem, mas todos deixam pra lá. É mais importante o interesse monetário daquela indústria que arrasa com as florestas e contamina os rios, ou daquele grupo insurgente que tira as famílias de suas casas e as condena a uma existência de marginais para poder ter mais terras para cultivar drogas. E esquecemos, nós crentes em Jesus, que foi Deus quem fez o mundo, e nos baseamos na tradução errada do Gênesis para dizer que nós temos o controle sobre o mundo porque Deus mandou. Mas o original não diz para estar sobre a natureza, e sim junto com ela. Somos parte da natureza também, dependemos dela para viver, não somos donos absolutos de cada árvore, cada rio, cada pedaço onde os animais ainda tentam sobreviver. Somos apenas vizinhos destes animais, destes árvores, e, sim, podemos usufruir deles, mas com respeito e cuidado.

O que aprendi que me levou à reflexão da pergunta "Quem sou eu" é um novo caminho de espiritualidade, um desafio muito grande para uma seminarista que mal deixa tempo para ler a Bíblia, para dedicar um tempo em silêncio a Deus. Este caminho o encontrei no livro que tivemos que ler para a matéria de "Aconselhamento Cristão", o qual se chama: 'Crescer, os três movimentos da vida espiritual', de Henri M. Nouwen. Profundamente simples mas tremendamente complexo, ele mostra como ser melhores pessoas na relação consigo mesmos, com os outros e com Deus. Difícil para mim é pôr em prática o que o livro fala (não é receita de bolo ou auto-ajuda, é um simples falar da essência do ser humano, por isso é difícil, acho...), me dedicar a me achar de verdade. O professor, fazendo as reflexões do livro, planteou a pergunta que titula esta postagem. Se respondo - Sou Viviana, ele diz: Não perguntei seu nome. Quem é você? -Sou seminarista.-Não perguntei o que você faz... e assim por diante. Eu já tinha ouvido esta pergunta e essas respostas, muito tempo atrás, nas minhas aulas de filosofia no segundo grau. O professor Roberto Cano falou exatamente as mesmas coisas: Quem é você? Eu não estou perguntando nome, sexo, idade, estado civil ou profissão. Eu perguntei quem é você. Ao ouvir de novo esta pergunta nesse sentido, percebi como deixamos de lado tão facilmente as coisas essenciais da vida, como passamos os anos procurando melhoras profissionais, um bom emprego, e quão pouco nos preocupa-mos em conhecer a nós mesmos. Isto porque tanto nessa época como agora, a resposta é a mesma: não sei. Não sei quem eu sou.

É um pouco desolador não saber quem se é. Eu sei o que estou estudando e o que quero fazer quando me formar. Sei que daqui a uma semana vou estar vivendo meu último dia de solteira, e que vou ser esposa. Sei de onde venho, e que quero ainda ir para muitas partes. Mas quem eu sou? Qual é a minha essência? Para que estou no mundo, quem eu sou?

Espero encontrar-me daqui por diante. Vou precisar aprender a disciplina, encontrar um tempo para mim mesma, sem fugir de mim, sem pôr música ou ligar a tevê para não me sentir só. Preciso ouvir minha voz interior, o quê ela tem para me dizer. E também preciso um tempo em silêncio diante de Deus. Um tempo em que possa ler a Bíblia sem questionar Paulo, ou zoar Davi, ou dizer que Neemias era um racista. Pode que não concorde com eles, mas a questão vital não é concordar ou não, mas escutar o que essa Bíblia que fala a tantos tem a me dizer. Coisa de seminarista: antes eu ouvia, agora só estudo a Bíblia. Estudo no sentido acadêmico, de datas de composição e teologias originais. Eu amo isso. Eu gosto de descobrir a voz do autor dirigida ao seu público de tanto tempo atrás. Mas ainda sei e acredito que Deus usa esses textos para falar às pessoas. Só tenho que voltar a eles com outra perspectiva. Ai, Senhor. Parece tão fácil escrito...

Talvez daqui a uns anos eu leia de novo este texto, talvez tenha esquecido meus propósitos, voltando à correria muda do dia-a-dia. Espero que não, espero ter estabelecido um diálogo comigo mesma, e um diálogo com Deus. Espero ter aprendido um pouquinho de mim, e poder responder, pelo menos em parte, a pergunta: Quem sou eu.

17 de junho de 2010

Blog com Nova Cara...

Pois é, depois de muito tempo, mudei a configuração do meu blog. Agora ele está com uma nova vestimenta... devo confessar que, de princípio, não gostei! Mas como parece que apagaram todos os modelos anteriores, terei que me acostumar com a mudança... Ai, isso passa por curiosa!

11 de junho de 2010

Manual para el Mundial

Llega otra vez -¡¡por fin!!- la Copa Mundo. Muchas personas, sin embargo, no saben bien las normas, estrategias, historia y personajes del fútbol. Es por eso que Postre de Notas abrió una sección de preguntas y respuestas sobre balompié que pretende ayudar a gozar de la ocasión a quienes no son aficionados constantes a la poesía en movimiento con la redonda disculpa de un balón.

P- ¿Qué es exactamente el fútbol?
R- Poesía en movimiento con la redonda disculpa de un balón.

P- ¿Quién inventó el fútbol?
R- En la China se practicaba hace tres mil años un fútbol tosco y primitivo que aún lo juega en Bogotá cierto equipo de uniforme azul y blanco. Los inventores del fútbol-arte moderno fueron, en Colombia, el Club Independiente Santa Fe y, en España, el Barcelona FBC.

P- ¿Por qué alegan los ingleses que ellos crearon el fútbol?
R- Por las mismas razones incomprensibles que los llevan a manejar carro por la izquierda, tomar un agua amarillenta llamada té y comer una especie de bizcocho que se encuentra relleno de (¿están preparados?) ¡¡hígado!!

P- ¿Cómo explica que Colombia solo ha participado en unas pocas de las 18 Copas Mundo ya jugadas?
R- Por una parte, el alto precio de los billetes aéreos. Por otra, el viejo prejuicio que existe en el planeta entero contra nosotros.

P- ¿Quién decidió que el portero fuera el único jugador autorizado para tocar el balón con la mano?
R- Dios. Casi todo lo del fútbol ha sido decidido por Dios. Incluso el gol de Maradona con la mano en el Mundial del 2006.

P- ¿Cuántos árbitros vigilan un partido?
R- Cuatro. En total, son tres ojos, porque el juez central y los laterales suelen ser tuertos, y el cuarto árbitro siempre está ocupado intentando que funcione el tablero que indica los cambios.

P- ¿Es verdad que el árbitro no debe pitar penalti cuando la mano del jugador que toca el balón está completamente pegada al cuerpo?
R- No es verdad. El árbitro se ocupa de episodios futbolísticos, no de fenómenos de degeneración teratogénica.

P- ¿En qué consiste exactamente el saque de banda?
R- En las dictaduras militares es un saque que se realiza al compás de una banda de guerra. En países donde influyen las mafias es el que decreta el juez presionado por una banda de delincuentes.

P- ¿Por qué razón hay doce pasos del punto de penalti a la línea de gol?
R- Se trata de un homenaje a los doce apóstoles.

P- ¿Por qué hay nueve pasos entre el balón y la barrera en el cobro de un tiro libre?
R- Porque solo nueve de los doce apóstoles eran aficionados al balompié. Pedro estaba muy viejo; Juan prefería jugar "oa" y Judas andaba atareado vendiendo y comprando futbolistas.

P- ¿Qué es un tiro libre indirecto?
R- Es un tiro libre que no es libre porque no es directo.

P- ¿Qué puede ocurrir si el árbitro se traga el pito en pleno partido?
R- Caben dos situaciones: que no pueda seguir pitando y sea necesario llamar al árbitro suplente; o que siga pitando y sea necesario llamar al proctólogo.

P- ¿Por qué la portería lleva una malla alrededor?
R- Es un recuerdo de cuando el fútbol era un deporte submarino que practicaban los pescadores.
P- ¿Qué es un fuera de lugar?
R- Está en fuera de juego o de lugar todo jugador situado en la demarcación determinada por el azimut de la portería rival y la hipotenusa del triángulo escaleno comprendido entre la esquina más lejana del campo, el rival más próximo y el centro del terreno, siempre y cuando dos rivales ocupen el área que indica el logaritmo del plano imaginario del paralelipípedo de la portería. O bien cuando al árbitro le dé la p..inche gana de pitar orsay.

Por Daniel Samper Pizano

Nota da dona do blog: Daniel Samper es muy bueno, no podia dejar de destacar esta nota suya... original em www.eltiempo.com

2 de junho de 2010

Da Saudade Quando Vem Às Vezes

Estes dias minha mãe me disse que minha vó, que está chegando da Colômbia neste mês para o meu casamento, perguntou o que eu queria que ela trouxesse. No momento me deu branco, como sempre me acontece nessas ocasiões. Mas eu fiquei pensando, pensando em tudo aquilo que há tanto tempo não vejo, não cheiro, não como. Muitas coisas que só Colômbia tem, muitas coisas boas para comer, para se ver, para cheirar.

Eu escrevi à minha vó a lista do que quero que ela traga. Mas enquanto espero, fico aqui com a saudade, que acordou ao me lembrar da minha terra, da minha vida lá, de tudo o que aconteceu nesses 17 anos em que não fui estrangeira no mundo, e me lembrei da minha escola, que, comparada com o modelo que tenho aprendido do que é escola aqui, é muito boa, dos meus amigos, das festas à tarde depois da escola, dos cinemas que pegava com minha irmã enquanto meu pai e meu irmão estavam viajando visitando meu avô. Me lembrei dos momentos ruins em que quase ficamos doidos, meus irmãos e eu, e de tudo o que fazíamos quando éramos crianças, como ir àqueles acampamentos de férias nos quais não me dava bem com as meninas da turma, nos quais aprendi a fazer velas e desfrutei bastante a piscina, ou quando as novelas na Colômbia ainda eram algo que valia a pena ser visto, e todos ficávamos juntos para assistir "Betty la Fea" ou "Pecados Capitales"...aqueles tempos em que pensava que ser grande era uma coisa para acontecer em um futuro tão remoto!

E é que a saudade, quando vem, vem com tudo. Não só traz a lembrança das coisas que se queria poder ver, mas também dos momentos vividos, dos problemas passados, das lágrimas choradas e até dos gatos perdidos (que foram dois, os dois morreram por andar na rua quando não deviam, graças à minha mãe e sua frase "coitados, eles sempre fechados em casa...").

É bom se lembrar das coisas. É bom se lembrar de onde viemos, lembrar as ruas pelas que andamos, os momentos simples que vivemos e que, no momento de ser vividos, pareciam tão complicados. É bom se lembrar da adolescência, com as crises de identidade, quando não se encaixava em nenhum grupo estabelecido (até hoje creio que não mudou, sempre tem os nerds, aqueles "bonitos", aqueles "populares", depois vem o resto... que era onde eu estava), quando se pensou que perder uma matéria da escola era o fim do mundo. Ah tempos bons, quando os problemas que se enfrentavam eram tão simples! Quando ainda se pensava que os pais resolviam as dificuldades das nossas vidas e que eles eram os responsáveis pelas nossas necessidades. Bons tempos... quando o mundo parecia uma coisa tão alheia e as injustiças dos poderosos não estavam nos pensamentos centrais da vida... quando o importante era saber o que se fazer depois da escola.

E Colômbia. As férias em Melgar, as piscinas, o "raspado", a manga verde com mel e limão, o café Dolca, o "roscón" de doce de leite, queijo e goiabada... ir aos centros comerciais, o Metrópolis, o Cafam, simplesmente para conversar com as amigas e passar o dia... Bogotá, com seus Monserrate e Guadalupe, com o centro histórico, com a "Plaza de Bolívar", cheia de pombos. E os ônibus (que na Colômbia são chamados de buseta, sem nenhuma vulgaridade na palavra), as bicicletas, o "Transmilenio". E a vida em casa, fazer os deveres de casa, lavar as louças, levar o cachorro a passeio. E meus irmãos. E meus pais. E minha vó. E meu quarto, com meus livros, minha cama, minha coberta de sempre, meu poster de Garfield e meu abajur de flores. O cotidiano que, visto como passado, assume um ar saudoso que não se pode mais deixar de respirar. Colômbia é um pais muito bom. Com gente boa, gente ruim, gente feliz, gente triste. E muita dor no coração de cada um, dor pela pátria que ainda perde seus filhos, ainda se banha de sangue. Creio que essa dor é característica dos colombianos, e de todos aqueles outros povos que vivem num pais em guerra.

Sentir saudades é uma coisa boa. É uma coisa que faz valorar o que se viveu de bom, revisar o que se viveu de ruim, por se tem alguma lição, já sem sentir a dor que se experimentou na ocasião, lembrar dos amigos e dos parentes, lembrar essas coisinhas que no tumulto de pensamentos do dia-a-dia se guarda no caixão do esquecimento.

E quando a saudade chega, é bom lhe abrir a porta, e deixar que ela nos leve da mão por todas aquelas coisas que fazem parte da nossa passada existência. Faz bem lembrar da própria terra, da própria história.