Mas o que me interessa aqui é falar dos líderes, e sobretudo, as esposas destes líderes. Dentro da igreja se tem a ideia de que esposa de pastor é uma espécie de sombra do pastor, que fica atrás dele, trabalhando junto com ele em todas as atividades que existam. A mulher do pastor não pode vestir de certa forma, não pode fazer isto ou aquilo, e os filhos não podem ir a certos lugares, não podem ser isto ou aquilo, e devem fazer isto ou aquilo outro. Como se fossem uma família de alienígenas, que devem ser diferentes do resto da comunidade só porque são o líder e a sua família. Isto se aplica, em maior ou menor medida (depende da igreja), também às famílias dos ministros de música e de quem for líder da igreja. E assim, existe um estereótipo de mulher de pastor perfeita, de filhos de pastor perfeitos, de líderes perfeitos. E se esquece que as pessoas têm direito cada uma à sua individualidade, que as pessoas não se casam com uma pessoa pela sua profissão e sim pelo seu caráter, que cada indivíduo tem o direito de procurar a sua felicidade e pôr em prática suas habilidades, que ninguém pode regulamentar as vestes ou o modo de pensar de alguém só por ser casado ou ser filho do líder.

Desse preconceito ninguém fala, e quem o sofre só tem duas alternativas: ou se submete ou se rebela. Quantos filhos de pastor revoltados com a igreja não há por ai? Mas se se rebelam, sofrem mais ainda o preconceito, são duplamente mal falados, são alvo de mais julgamentos. E o pior é que geralmente ninguém se dispõe a se importar com a pessoa, a perguntar como está indo a vida dela. Para o resto do grupo, a família do pastor não é composta de pessoas, mas de papéis a ser desempenhados.
E eu me pergunto, no meio de tudo isso, onde fica o amor cristão? Onde fica o "não julgueis para não ser julgados" e o "cuidado com a língua"? As igrejas em geral sofrem de uma doença crônica de hipocrisia e de fofocas, parece que as pessoas se acham santas por não roubar, não matar, ir à igreja todo domingo, e isso lhes dá a liberdade de falar mal dos outros, de aqueles que depois vão chamar de irmãos. E quando se trata da família dos líderes, ai é que as línguas se afiam! Ai é que as máscaras se fazem universais, e os dedos mais prontos para apontar "falhas" e "defeitos". Que vestiu ou deixou de vestir, fez ou deixou de fazer, que o filho do pastor não pode ir na tal festa, que a esposa de pastor não pode vestir shortinho. E biquíni então, vira veste do capeta! E o amor de Deus, tudo o que Jesus pregou, até as músicas que se cantam, onde fica tudo isso? Como se pode cantar que somos irmãos, que somos um em Jesus, que vamos unidos em comunhão, e depois falar mal dos irmãos? Falar mal dos líderes e de suas famílias? Cadê a prática do cristianismo?
As igrejas esquecem que os líderes são pessoas iguais a elas. Que sofrem igual, têm lágrimas também, se cansam, pensam, sonham, e que as suas famílias têm sonhos, que são feitas de indivíduos. Não são uma massa grudada ao líder. Cada membro da família é único e independente. Esse negócio de que líder deve ser mais santo é uma desculpa furada. Ser humano é ser humano, não há ninguém mais perfeito ou melhor que os outros.
O estereótipo de família de pastor (e de forma mais ampla, as famílias de todos os líderes) deve desaparecer. As igrejas precisam reconhecer a individualidade dos membros da família do seu líder. Afinal, os filhos do pastor não escolheram os pais, e a mulher dele não casou com a sua profissão. Se tiver vocação para ajudar na igreja bem. Se não tiver, deve se respeitar sua postura. A família dos líderes deve deixar de ser vista como os alienígenas perfeitos que se exige que sejam, e passar a ser vista como simples membros da igreja, iguais a todos os outros. Além disso, a igreja deve deixar de prestar atenção no que os irmãos fazem ou deixam de fazer. A hipocrisia está acabando com as igrejas. O pior é que a pessoa não tem tempo para dar um alô para o irmão, chama-lo para um jantar em casa, mas todas as fofocas ao respeito dele sabe de cor, e tem tempo ainda de falar mal dele com os outros. A fofoca é um problema grave, um pecado como qualquer outro. Ninguém tem o direito de falar mal dos outros, sejam líderes ou não. E se alguém tiver queixas sobre o líder, fale com ele. Não pode ficar falando pelas costas dele. Os preconceitos e os estereótipos na igreja devem cair! As famílias dos líderes devem ser liberados do peso do estereótipo, devem poder ser livres para viver sua individualidade como cristãos e como seres humanos!
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