13 de maio de 2012

Para mi Mami en su Día!

Con este son seis dias de las madres que paso sin poder celebrarle el día a mi mamá. Me acuerdo que el último que pasamos juntas le di un diploma de la mejor mamá del mundo. No me acuerdo qué hicimos, pero la pasamos bien. El primer año que pasé lejos fue horrible. Una señora muy amable me invitó a pasar el día en su casa con su família, pero no fue nada agradable. No porque ella o la família fueran antipáticos o malos. Al contrario. La señora, creo que para animarme, me decía que ahora yo tenía una mamá en Brasil, que ella me iba a cuidar. Creo que eso no es algo bueno de oir. Aún siendo con buenas intenciones, cuando se está lejos de la mamá no se quiere un reemplazo, yo no quería otra señora. Yo quería mi mamá! Pobre señora, con sus buenas intenciones de hacerme pasar bien el día, me hizo sentir peor. 
Es que como la mamá de uno no hay otra. Puede que haya señoras bondadosas, amables, buena gente. Pero mi mamá es una, y nadie puede reemplazarla. Sólo ella me dió a luz, me crió, me hizo una persona de bien. Sólo ella con su voz única, su forma de ser, su alegría y optimismo. Sólo una es mi mamá.
Ella me enseñó muchas cosas. Desde el amor por Dios hasta el amor por los animales, el gusto por los viajes, el compartir en família las aventuras.
Mi mamá me hace falta. Son seis años lejos, sin podernos ver, sin podernos hablar todos los días, aprovechando cada llamada, cada vez que nos encontramos por internet. Este día es melancólico, porque no lo puedo celebrar como debía. Y mi mamá tampoco puede, porque yo estoy lejos, y mi abuelita, su mamá, también está. Cada una en un país, deseando estar juntas para celebrar este día. Lo más importante, sin embargo, lo tenemos. Apesar de la distancia tenemos siempre el amor. Aunque no podamos abrazarnos, sabemos que donde quiera que estemos nos queremos, nos añoramos, deseamos que cada una de las otras estén bien. Mi abuelita cuidó de mi mamá, y mi mamá cuidó de mí. El día de las madres celebra en 24 horas lo que las madres hacen todos los días, hasta después de que los hijos crecen, hacen sus vidas y se van. Se van, como en nuestro caso, lejos, muy lejos, haciendo de la distancia un peso en el corazón, un aprieto en el pecho, pues sabemos que no podremos vernos seguido. 
Mi mamá es especial, es importante, es única. Cerca o lejos, no hay nadie como ella. Y cada día que pasa, cada día que estoy lejos, crece la nostalgia, hasta que muchas veces la garganta se cierra, y los ojos se llenan de lágrimas de nostalgia. Y cuando pasan cosas, y se enfrentan problemas, y la mamá está lejos, se siente que falta algo, pues desde siempre fue mi mamá que me escuchó, que me entendió, que me ayudó. 
Seis años de día de la madre, sin mi madre. Cómo me haces falta!!

31 de março de 2012

Sobre a Invasão da Religião

Facebook é uma coisa muito legal. Por meio dele posso estar em contato com minha família, que está longe, e com muitos dos meus amigos, que também estão longe. Porém, ultimamente o Facebook se encheu de recadinhos, de mensagens de auto-ajuda, e também de mensagens "de crente". Tudo bem que as pessoas tenham liberdade de expressão. Mas isso me faz pensar, mais uma vez, na extrema religiosidade que se está vivendo na sociedade atual. Os cristãos, sobretudo, nos comportamos como se quiséssemos encher o mundo com as nossas ideias, mas não de uma forma respeitosa, não, mas do tipo que, se pudéssemos, tomaríamos o mundo pelo pescoço, o obrigaríamos a abrir a boca e nos engolir à força. Sobre essa atitude, duas coisas: Os cristãos sempre foram assim. Antes foram as Cruzadas, mas como agora a gente não pode forçar os outros a aceitar nossa religião, fazemos de tudo para mostrar que nós somos crentes, e que crente é tudo de bom. Ai vem esses mensagenzinhos de: "Deus me ama, Jesus te ama, Deus é minha força, Confio em Deus", etc, etc. E o Facebook fica um pé no saco. As mensagens de auto-ajuda também enchem o saco, mas as evangelistas me parecem, na maioria das vezes, arrogantes.
Mas eu não quero falar especificamente do Facebook e das mensagens de crente. Eu estava pensando no extremismo que está tomando conta do povo. Um extremismo cego, delirante, totalmente enjoativo, que faz com que você fique farto de ouvir qualquer coisa relacionada com Deus. Hoje em dia, para ser cristão, você precisa mostrar que o é, e não basta simplesmente ter uma relação com Deus, não, tem que pendurar na janela um aviso, andar pelas ruas com a Bíblia embaixo do braço, falar exclusivamente evangeliquês e meter Deus em tudo. -O café queimou, irmão!-diz um. -É da vontade dele, meu irmão!-diz outro. Tudo o que acontece, seja bom, ruim, seja simplesmente rotinário, tudo tem a ver com Deus. Até o fio de cabelo que caiu da cabeça, foi culpa de Deus (e bem podem usar aquela passagem que diz que Deus conta os cabelos da nossa cabeça...). É asfixiante. Eu, pelo menos, me sinto cansada, e me pergunto se tem que ser assim, se tudo tem que ser Deus pra lá, Deus pra cá. Coitado, não o deixamos em paz! E o que as pessoas falam que Deus disse, então! Deus mandou fazer isso, Deus me disse pra fazer aquilo, Deus quer profetizar na tua vida, meu irmão! E se você está passando por alguma situação ruim, é por duas coisas: ou pecou contra Deus, ou Deus está te testando, porque, você sabe, silêncio também é resposta!! Eu acho essa frase ridícula. Imagine você estar falando com alguém, ai do nada simplesmente fica calado. O outro não ia pensar: Ahh, é que silêncio também é resposta!. Ele ia era pensar que você é maior mal educado e ir embora. Eu, pelo menos, faria isso.
E a questão é que tanta expressão de religiosidade, tanto fanatismo, tanto "amor" por Deus, é chato e contraproducente. Tanto irmãozinho cantando hinos no ônibus vai deixar a impressão de que somos uns grossos, já que praticamente obrigamos os outros a nos ouvir (e é um saco, sei porque num ônibus que eu entrei tinha um irmão desses, e me cansou, e cansou o senhor do meu lado, que não parou de reclamar pela falta de respeito). Se quer louvar a Deus, use fones de ouvido ou cante na sua casa. As pessoas ficam entediadas, e em lugar de querer saber mais de Deus, ou mesmo se converter, saem correndo dos "crentes". Se eu, que sou cristã, fico aborrecida com tanto bombardeio de religião, imagina os que não o são!
Deus está perdendo a forma. Hoje em dia Deus é qualquer coisa, só basta as pessoas falarem. Deus é curandeiro, banco, bombeiro, segurança (tem uma mensagem por ai que fica falando daquele que "me vigia"), é amuleto contra inveja, proteção contra o capeta, escudo contra a maldade alheia... e por ai vamos, e a lista não acaba. E se você tem um problema, melhor não fale com ninguém, porque vão chover mensagens de "Deus te ajuda", "Seja feliz que Deus está contigo", "Confie em Deus", e assim por diante. Tudo bem, eu sei que Deus me ajuda, mas sabe quando você quer o conforto meramente humano? Quando quer compreensão, em lugar de frases de efeito? Nesses momentos essas frases são como socos no rosto. Poxa, você sofrendo, e te mandam ser feliz!! Dá vontade de mandar todo mundo tomar banho... pra ser boazinha. Tem alguns que ainda afirmam que o sofrimento é uma forma de se alegrar em Deus. Como assim, sou feliz porque estou triste?
Esse pequeno exemplo me leva a outra questão, que está no miolo da extrema religiosidade que vemos por ai entre os nossos "irmãos". Esse tipo de pessoas geralmente cumpre um papel de papagaio. Eles repetem tudo o que aprenderam na igreja. Falam as frases de efeito, acreditando nelas, mas muitas vezes sem parar para pensar no que estão falando. Ou cantando. Tanto lixo com o nome de gospel é cantado por ai, tantas músicas sem qualidade nenhuma, nem musical, nem de conteúdo. "Quero ir além do véu", cantam. Mas, desculpa, a gente não acredita que Jesus rasgou o tal véu? Então qual véu que você quer ultrapassar? E vão colocando mensagens na internet, e falando frases prontas para as pessoas, e não percebem o que estão fazendo. E se alguém chega com uma ideia diferente, ou simplesmente contesta o que eles escrevem, publicam no Facebook, ou o que dizem, misericórdia! É o acabou-se! Você é herege, inútil, desinformado. Porque, claro, o que você disse não bate com o que gravaram com fogo no cérebro do sujeito, e ele não assimila a nova informação, nem tenta, simplesmente a nega, e a rejeita como coisa do capeta. Que é parte importantíssima da vida do tal. Porque, assim como é Deus pra lá, Deus pra cá, também é capeta pra lá, capeta pra lá. Você está deprimido? Culpa do diabo. Doente? O diabo atentando contra você. Não quis ir à igreja esse dia? Está fazendo a felicidade do capeta. E qualquer coisa que você faça ou alegra ou faz aborrecer o capeta. Porque, se você jejua, é a barriga do diabo que ruge. Sei lá, deve ser por isso que ele fica chateado...
Eu olho para a sociedade antiga. Semana passada estava lendo um livro que amo, "Orgulho e Preconceito". A sociedade inglesa dessa época era totalmente cristã. Mas as pessoas viviam suas vidas normalmente. Eles viviam suas vidas pensando no que o vizinho fez, em arranjar um bom marido, enfim, vidas comuns e correntes. Não há, em nenhum dos livros que já li, e dessa época eu já li bastante, não somente o acima citado, diálogos como o seguinte:
-Minha querida Ana, você precisa orar a Deus. Eu sei que ele vai fazer o senhor Ritgh se apaixonar por você. Deixe de chorar, que Deus nos fez alegres. Vai ver que logo, logo, o rapaz vai pedir sua mão.
Hoje em dia Deus é o resolve tudo. Qualquer coisa, ele faz. Claro, ele não é Onipotente? Não encheu a Bíblia de "promessas"? Hoje em dia, se o tal Ritgh não se declarar em determinado tempo, ou Deus está "preparando algo melhor", ou a Ana está em pecado. Tudo, em tudo, e por tudo, sempre tem Deus no meio.
Me pergunto porque essa febre de Deus. Eu sei que Deus é Deus, nosso Senhor, e cada cristão deseja uma relação pessoal com ele. Mas, se é assim, porque o resto? Porque a proclamação sem trégua da nossa fé via internet, ou pessoalmente? Para que tanta ostentação de "olhem para mim, sou cristão"? Tipo um daqueles mensagens do Facebook: "Sim, sou crente". Eu pensei, e dai? O que eu tenho a ver com isso? Em que afeta a vida dos outros? Beira no ridículo. As pessoas se põem em ridículo, ridicularizam Deus, ridicularizam até a sua prezada e proclamada fé. E andam por ai como ovelhas. Eu acho que já falei antes, mas eu não gosto de ser chamada de ovelha. As ovelhas são burras, não pensam nem um pouco na própria supervivência. São um monte de maria-vai-com-as-outras. E a maioria dos cristãos, são ovelhas, não só "do rebanho de Deus", mas literalmente. Como disse acima, papagaios. Ovelhas, indo atrás do que o pastor disse, o que o televangelista disse, do que o cantor tal cantou. Eles não pensam no que ouvem, não refletem, não criticam. Leem a Bíblia sem ler, pois nela há tantas divergências que é impossível afirmar, de cara limpa, que não há contradições nela. Uma coisa simples de exemplo: As genealogias de Jesus. Numa, ele descende de Salomão, na outra, de Natã. E ai, como fica? Durante muito tempo eu fiquei na dúvida com esse texto, e ninguém podia me responder. Ai, fui no seminário e aprendi que essas genealogias não são literais, mas que foram escritas para servir a um propósito específico do seu autor. E ai, fiquei em paz. Porque os que sabem não passam a informação aos que não sabem?
Eu não vejo nada de saudável na atitude que as pessoas "crentes" em geral estão tomando. O excesso de religiosidade para mim é um pesadelo, algo que me faz sentir presa, me da vontade de sair correndo. As frases prontas me dão raiva, ver as pessoas repetir, todas, as mesmas coisas me irrita. Culpa dos pastores que, informados, sabendo das coisas, não repassam a informação aos fiéis, porque, como disse um, "a igreja não está pronta", ou, como disse outro "de todo o correto que há, as pessoas não precisam saber muito" (parafraseando, não me lembro exatamente da frase). Se eles não precisam, porque nós aprendemos? Se não é relevante, porque foi importante para nós aprender? É hipocrisia. Retenção de informação. Manter o povo na ignorância. E uma grande irresponsabilidade. Mas também é culpa das pessoas que, alienadas, não tentam se libertar da alienação, que não se preocupam em analisar o que ouvem, criticar, pensar por si mesmos. Preguiça espiritual (Sabe, o mundo espiritual é importante, a gente tem que estar atento, tudo tem a ver com o espiritual, blá, blá, blá)? Talvez seja culpa do capeta... ou vontade de Deus.


P.S. Os cristãos somos bem hipócritas quando queremos. Invadimos o Facebook, os outdoors, os espaços públicos, com a nossa "pregação". A gente pode, é liberdade de expressão. Quero ver quando começarem a sair mensagens espíritas, ou de Alá, no Facebook... vai ser o grito no céu, porque o capeta está invadindo os espaços públicos!! 


29 de fevereiro de 2012

Pensamentos Avulsos

Estou lendo a história do Terceiro Reich, num livro muito interessante chamado "Ascensão e Queda do Terceiro Reich". É antigo, mas muito bom. Lendo esta triste história, não deixo de admirar a Hitler. Não que concorde com ele, claro, ou que ache bom o que ele fez. Mas acho a forma como ele fez tudo simplesmente genial. Se ele tivesse usado sua inteligência e sua determinação para algo bom, ia ser um grande homem. Lástima que tivesse sido um fanático, obcecado com a grandeza perdida da Alemanha depois de ser sujeita ao Tratado de Versalhes, e cegado pelo seu ódio pelos judeus e os poloneses, ódio que compartilhava, aliás, com a maioria dos alemães da sua época. Mas a forma como descifrava as pessoas, de forma que podia lhes oferecer o que elas queriam (não que cumprisse com sua palavra, mas isso as pessoas descobriam tarde demais), como planejava cuidadosamente seus passos, enfim, como fazia tudo, era genial. 
Lendo essa história, percebo que o ser humano é sempre o mesmo. Hitler era um nacionalista fanático, e pode-se dizer que era sincero no que fazia. Ele realmente acreditava que o que estava fazendo era certo. Hoje em dia, a auto-proclamada grande potência mundial, EUA, também está cheia de nacionalistas fanáticos, que acreditam que invadir os países do oriente e matar "terroristas" está certo, assim como torturar presos políticos em Guantánamo é normal. Para Hitler também era, e muitos dos deputados e líderes de outros partidos políticos pereceram dentro de cárceres e campos de concentração, junto com os judeus, ciganos e homossexuais presos pelo ditador louco. Eu acho incrível como as coisas se repetem. Em 1933, Hitler, chanceler, fez o presidente Hindenburg assinar um decreto "para o bem dos cidadãos", que autorizava Hitler a invadir casas, interceptar ligações telefônicas e telegráficas de qualquer pessoa, assim como prender pessoas sem um mandato ou provas. Tudo em nome do bem do povo, ameaçados por uma imaginária quadrilha comunista, que, segundo ele, foi a responsável pelo incêndio do edifício do parlamento. Parece familiar? Eu me lembrei, lendo, da famosa lei promulgada nos EUA depois dos atentados do 11 de setembro. 
Assim como nessa época, na Alemanha, os vilões eram os judeus, os poloneses, tchecoslovacos e franceses, agora os vilões, caracterizados assim em inúmeros filmes, séries, até livros, são os árabes. E nós, como os alemães, estamos engolindo a história que os EUA estão contando para nós.
Isso me lembra dos filmes de ação que vi agora no Carnaval. Eu não sei mais por que assisto, acho que para ficar nervosa e ficar reclamando o tempo todo. O último filme de Transformers é uma piada. O filme começa, como sempre, com Optimus Prime contando como eles moram "em paz com a humanidade", protegendo-a e tudo o mais. Só que eles não protegem o "mundo, a humanidade". Eles protegem os interesses dos gringos, tanto que aparecem "servindo o mundo" invadindo um suposto território de testes nucleares, cheio de árabes. É ridículo, o filme o tempo todo fala de mundo no geral, mas o governo gringo manda e desmanda, e os robots se submetem ao ministério da defesa do país, o exército aparece no filme mais que os mesmos protagonistas, os maus são sempre moreninhos. E no final, quando os robôs do mal são destruídos, uma bandeira gigante americana é enquadrada, sem nenhuma razão para estar no meio de uma rua, ondeando vitoriosa ao vento. Eu sei que o filme é produzido nos EUA, mas é patético. Os EUA declarando ao mundo seu direito, saído de sei lá que decreto invisível, de tomar decisões sobre o mundo inteiro. O outro foi Velozes e Furiosos 5, outra piada, onde os bandidos ladrões de carros de repente são os mocinhos aqui no Rio, com direito a matar policiais cariocas com a desculpa de que "são corruptos", e a destruir a cidade. E nem falar do policial bombadão americano, que faz e desfaz nas ruas do Rio, invadindo a favela e matando à vontade, sem intervenção da dita polícia "má". Eu fiquei rindo, se fosse de verdade, os gringos nem iam ousar pôr o pé na favela, iam sair correndo de medo! E claro, depois de destruir meia cidade, fechar a ponte Rio-Niterói e tudo o mais, os safados ainda saem intocados. 
Eu acho que esses estereótipos dos filmes americanos estão cada vez mais ridículos. Cada vez mais aparecem filmes sem noção onde eles são os donos do mundo. E não aguento isso. Nacionalismo é bom?  Claro, vejam aonde levou o nacionalismo excessivo a Hitler! E o engraçado é que o resto do mundo consome esses filmes e ainda gosta. Obaaaa! Os gringos destruindo o Rio, obaaaaa!
Outra coisa em que venho pensando é o racismo. O racismo nas pequenas coisas. Se eu pergunto na rua às pessoas se elas são racistas, vão falar que não. Mas os seus atos, até um pequeno porém fazem toda a diferença. Ontem, por exemplo, estava falando pela net com um sujeito da Argentina, e achei absurdo quando ele disse "a criminalidade está aumentando aqui", ao que respondi, que, tristemente, até na cidadezinha onde moro tem crimes. Ele respondeu: "Ah, claro, lá com tanto mulato, deve ser mesmo...". Isso demonstra duas coisas: o sujeito acha que os brasileiros são todos negros, e o pior, que por isso há crime. É absurdo! Eu disse que a raça não importa, se o sujeito é mau, pode ser até da cor do leite, que vai assaltar, matar, traficar. Se fosse só esse sujeito que pensasse assim, até que passa, mas há muitos por ai que pensam igual, que colocam na cor da pele a culpa: ahh, o negro é preguiçoso, não gosta de trabalhar, são todos bandidos... como Hitler também disse, eles são a causa da decadência da sociedade (para ele todos os não arianos eram). Assim, mesmo que as pessoas não gostem de Hitler, olha elas seguindo os passos dele! Não matam, claro, mas o racismo está ai, escondido, prestes a sair em olhares fechados, em frases como "ele é negro, mas é boa gente". Poxa, como assim "mas"? Como assim que os negros bonitos são descendentes de alguma mistura com branco? (o pior é que tudo isso já ouvi isso, de verdade, dito com a maior convicção!!!) Como assim que os negros são isso ou aquilo?  Eu não entendo, as pessoas falam de modernidade, execram os crimes do Hitler, mas estão igualzinhos! Intolerância à ordem do dia! 
Para terminar, outra questão: as propagandas absurdas e machistas que há nestes dias na televisão. Fiquei de queixo caído quando vi a porcaria de publicidade do desodorante Axe. Esses comerciais sempre foram um lixo, mas chegaram ao extremo de tratar as mulheres explicitamente como bichos. Claro, não está escrito, mas o homem na arca, esperando o seu "rebanho" chegar... Noé deve estar morrendo de raiva, afinal ele ficou fechado nessa nau com um monte de bicho fedorento, podia ter feito o que o sujeito do comercial fez e encher a arca de mulheres... olha ai um pensamento bem machista! É absurdo que ninguém reclame, que as pessoas não percebam. Mulheres, cadê vocês?  Outros comerciais igualmente sem noção, totalmente ridículos, são aqueles do carnaval. O homem saindo de sua casa, triste, para a guerra, para depois aparecer pulando no carnaval rodeado de mulheres rebolando, enquanto a esposa está em casa... que coisa mais machista! Esse negócio da mulher ficar em casa enquanto o homem se diverte é coisa da época dos meus avós! Absurdo uma coisa dessas em pleno século XXI! Que a mulher não pode sair e curtir as festas junto com o marido?  Ahh, não, claro, que graça tem se ele não vai por ai com outras, não é verdade?  Essas publicidades me dão nojo. 
Aiaiaiai sociedade, nos achamos tão modernos, e todavia temos tanto passado revivendo por ai...


Aqui você também pode ler:
Ocidente vs. Oriente
De respeito e o que aconteceu no Afeganistão
De Ideologias e a Visão que os E.U.A Têm do Resto do Mundo
Em Nome de Deus

11 de fevereiro de 2012

Jesus Banal

Ontem no grupo de teatro, o professor pediu para a gente falar uma frase. Qualquer coisa. Uma das minhas colegas, espírita, disse: Eu acho ridícula a frase "Jesus te ama". Eu fiquei refletindo nos motivos que ela tem para achar a frase ridícula. Ela disse que acha a frase obvia, ou seja, ela já sabe que Jesus a ama, não têm que ficar falando isso o tempo todo para ela. E ai, juntando o que ela disse, com todas as coisas que tenho visto no Facebook, e com todos os chavões de "crente" que se usam nos programas evangélicos na televisão, percebi que o que faz as pessoas achar a dita frase banal, ou então pensar que os cristãos são um tipo determinado de pessoa (para as pessoas que não são evangélicas, crente é aquele que fala aleluias, glórias a Deus, discursa nas praças falando mal do capeta e fala "Jesus te ama". Os evangélicos tornaram Jesus uma figura banal. 
Você abre o seu Facebook, lá encontra um monte de postagens falando de Jesus, comparando como o diabo vê a gente, como Deus vê a gente, falando que a gente vive bem no ano inteiro enquanto os outros não, em fim, falando que somos melhores que aqueles que não são cristãos. E se toma o nome de Jesus e se coloca em tudo, desenhos mal feitos, montagens mal feitas, comparações sem sentido (como por exemplo uma que vi agora mesmo: quem ama de verdade, Jesus ou as pessoas bonitas?)(!) Está ficando tudo num nível absurdo. E não somente nas redes sociais, na vida real as pessoas levam o nome de Jesus a virar frase de efeito, é Jesus pra lá, Jesus pra cá, "Jesus te ama", "Jesus me deu o carro", "Deus me abençoa muito", "quer ser feliz venha pra Jesus", etc. Talvez as intenções dos sujeitos sejam boas. Talvez o que eles pretendem seja evangelizar. Mas se esquece que Jesus não é nossa propriedade, que não é só mais um nome. De tanto falar de "Jesus", as pessoas nem sabem mais quem é ele. 
Uma coisa interessante de ontem foi a afirmação que ela fez de que ela sabe que Jesus a ama, que é algo que não precisa ser re-afirmado. Ela é espírita. Geralmente, os crentes vêem as pessoas que não são evangélicas como pessoas ignorantes, que precisam aprender tudo sobre Jesus, pessoas dominadas pelo diabo e sabe-se lá que mais coisas. E, no entanto, ela sabe quem é Jesus, e sabe do amor dele, e o respeita, mesmo sem ficar usando o dia inteiro jargões e expressões de efeito com o nome dele. 
Eu creio que devemos rever a forma como falamos de Deus aos outros. Geralmente, e isso é evidente no Facebook, assim como em tantos outros lugares, os evangélicos chegam com um ar de superioridade, como se soubéssemos os segredos do mundo, como se fossemos os únicos seres humanos felizes e bons sobre a terra, como se fossemos de uma espécie superior. Eu já falei muito sobre isso no meu blog, mas as coisas que vejo por ai postadas são tão absurdas que me indignam, como sempre, aliás. Agora está na moda postar mensagens do tipo "somos melhores", coisas totalmente sem noção. Isto é, tudo bem, se o evangélico quer passar o carnaval na igreja, tem todo o direito, mas assim mesmo tem as outras pessoas de curtir o carnaval onde elas bem entendam, e isso não significa que alguém vai ser mais ou menos feliz no resto do ano. 
Achei interessante uma postagem que dizia: "Meu ídolo morreu e ressuscitou, e o seu?" Só que não falava de Jesus, mas de Goku, uma personagem de desenho animado. Obviamente eu achei muito sem graça, porém, alguns dos comentários ao desenho expressavam justamente o que as pessoas fora da igreja pensam de nós, "crentes". Alguns foram lá defender Jesus e falaram que era falta de respeito, etc. Até acho que é, falta de respeito à nossa fé. Porém, o que mais podemos esperar num site que todos compartilham, cheio de mensagens ofensivas contra os que não são evangélicos? Se a gente fala na cara deles que são uns infelizes que levam vidas miseráveis, porque ficamos chateados quando mexem conosco? Um outro dos que comentou falou que não aguenta os "crentes fanáticos, que metem Jesus em tudo", e outro ainda falou que crente só sabe ficar ofendido e levar tudo a sério. 
Não gostei da postagem, achei muito sem graça, mas é um aviso. Nós não podemos tratar os outros como espécie inferior e depois reclamar respeito. Nós devemos parar de ficar falando de Jesus no automático, ou, como se diz, temos que deixar de falar "evangeliquês". Se de verdade queremos que as pessoas conheçam Jesus, devemos deixar de falar dele como se fosse o filho do vizinho, ou um simples mantra, ou o gênio que concede desejos. E devemos deixar de encher o saco dos outros com a nossa "Fé" fervorosa. Se somos cristãos, muito bom. Mas não podemos chegar e impor nossas crenças, nossa fé, nossos pontos de vista, aos outros. E com certeza não podemos trata-los como se fossem ignorantes miseráveis, posto que, ainda que não sejam crentes, são pessoas iguaizinhas a nós, com sonhos, desejos, vidas e famílias. Depois, quando revidam, não achamos engraçado, sendo que nós mesmos estamos tornando Jesus um assunto totalmente banal.


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Ler a Bíblia sem Óculos
De Preconceitos, Estereótipos e Hipocrisia
Da Confiança em Deus Quando se Confiou Nos Seus Filhos
Quando se Diz Que a Razão Mata a Fé
Proibido Pensar?

5 de fevereiro de 2012

O Que Aprendi Com Livros de Literatura

Minha avó me perguntou um dia o que eu aprendo quando leio. Sobretudo quando leio romances. Segundo ela deveria ler mais livros que me "ensinem alguma coisa", livros como os de autoajuda, que me falam como ser melhor. Eu não concordo com a minha avó. E fiquei muito tempo pensando na pergunta que ela me fez. Confesso que eu gosto de ler qualquer tipo de livro, menos biografias ou livros de autoajuda, esses nem a pau, mas o que mais leio são romances, livros de literatura. Já li muito nesta minha vida, livros policiais, de amor, de suspense, sagas familiares, dramas, histórias infantis, contos antigos e modernos, e muitos, muitos outros. E tenho aprendido com eles, sim senhor. Pode que no livro não haja instruções para viver a vida, mas justamente por isso que eu gosto de ler. E tenho aprendido muito sobre os costumes de outras terras, de outros tempos, como quando os ingleses costumavam achar visitas que durassem mais de meia hora falta de educação, ou quando a filha mais velha era chamada de "miss Tal", enquanto as outras eram chamadas pelo nome. Conheci as terras difíceis da Austrália, soube que no Japão o desjejum é arroz e peixe, viajei pelas montanhas da Suíça, aprendi a história da França durante o reinado de Felipe IV o Belo, enfim, o que tenho aprendido com os livros que li, se fico aqui descrevendo, nunca vou acabar. E tenho aprendido muito sobre a natureza humana. Histórias vão, histórias vem, mas o ser humano retratado nelas é basicamente o mesmo, ambíguo, com suas complicações, suas perguntas sobre sua existência, o bem e o mal dentro dele. Mesmo nos livros de amor, os mais previsíveis que já li (geralmente já sei o que vai acontecer, dependendo do livro fica até chato), dá para aprender bastante sobre o ser humano. Para mim os livros são janelas a outros mundos, com eles eu posso estar aqui e no Japão, posso estar sentada e estar voando, e sobretudo, são janelas à alma humana. Um livro como Madame Bovary, que mostra a complexidade de uma Emma em busca de algo que de um sentido mais profundo a seu ser, algo que a tire da monotonia de um casamento sem amor, algo que, no final, a destrói, não se compararia com mil manuais que falem do adultério ou da infelicidade de uma forma técnica.
Livros de geografia são importantes, mas é mais bonito ler a descrição das terras agrestes, do mares imensos e dos vales desérticos, descrições que transportam realmente ao lugar descrito, ao ponto que às vezes parece que, querendo, se pode deixar os personagens onde estão e sair dar uma volta por ai, é muito mais real do que aprender que na Austrália existe uma rocha gigante e há uma grande parte deserta, ou então saber que na Inglaterra há campinas. Da mesma forma, livros de antropologia nunca vão se comparar a livros que descrevem o ser humano desde dentro, a partir do que tal personagem sente, tal outra pensa e faz.
O que eu aprendi com os livros de literatura? O que me faz não parar de ler? O que me faz mergulhar de cabeça nas páginas dos livros mesmo em um lugar cheio de gente, de barulhos e de rotina? É o mundo. É mais do que possa expressar com palavras. É simplesmente a capacidade de ser livre, de sair por ai conhecendo gente, sofrendo com alguns, rindo com outros, desfrutando um belo sol brilhando no topo das montanhas mesmo estando num lugar banhado pela tormenta viajando em terras onde coisas impossíveis são reais, onde criaturas que não existem aqui falam, pensam, existem. Livros de autoajuda me parecem chatos, entediantes, receitas de bolo para a vida. Livros técnicos são importantes. Ler Nietzsche, Paul Tillich e Platão é importante, mas o que faz realmente meu ser crescer e ser livre, são os livros de literatura. Com eles conheço o mundo que ainda não tenho dinheiro para conhecer de verdade, com eles vou a épocas que nenhuma máquina do tempo vai trazer de volta. E conheço o ser humano no seu mais íntimo.
Os livros para mim são como velhos amigos, cada um contando-me sua história.

31 de janeiro de 2012

Sobre el Respeto al Gusto Ajeno y la Tortura Taurina

Hoy leí en el periódico que el alcalde de Bogotá decidió que no va a patrocinar las corridas de toros en la ciudad, ni participará del evento, ni siquiera por medio de un representante. Es una buena notícia. Algo por lo que alegrarse en medio de tantas notícias de corrupción y problemas en la ciudad. Al final del reportaje, dieron la palabra a algunos taurófilos, que defendieron las corridas de toros como un arte que hace parte de la cultura desde hace siglos, que representa "lo que somos", y también como el derecho que ellos tienen de divertirse a su gusto.
Una cosa que siempre me incomoda es la palabra "tradición". Cuando argumentan que determinada cosa debe continuar porque hace parte de la tradición, viene desde hace tiempo, siempre fue así, etc, me da una urticária interna, me arde el estómago. Esos argumentos son tan conformistas, ¡tan de mentes pequeñas! Y sobretodo, no se sustentan. Que algo sea tradicional no significa que sea lo mejor. No significa que sea ético, que sea bueno. O si no, ¿por qué no seguimos con los costumbres antiguos? Desde hace miles de años la mujer siempre se quedaba en casa, sometida al marido. Era la costumbre, la tradición. Así como era tradición echar pólvora el 24 y quemar el Año Viejo el 31. Y la costumbre de meter al segundo hijo a padre, eso también era tradición, así como usar ruana y sombrero en Bogotá. ¿Por qué el mundo cambia? ¡Volvamos a seguir al pie de la letra la tradición! Me parece ridículo insistir que el toreo debe continuar porque existe desde 1700 y algo. Si así fuera, todavía viviríamos en la Edad Media. 
El mundo gira, las cosas cambian, las mentes se conscientizan. Y después de muchos errores, la humanidad entendió que los seres vivos merecen respeto, y que la crueldad gratuita no es algo digno de ser loado, y mucho menos patrocinado. Vi en un comentário al reportaje que el señor lector argumentaba que Petro tomó esa decisión porque es comunista, y que de aqui a poco va a prohibir las peleas de gallos, la bebedera y hasta los carnavales. Eso es algo dicho sin pensar. Primero, porque Petro es alcalde de Bogotá, no tiene como prohibir carnavales que se hacen en otros lugares como Barranquilla. Y por otra parte, la ley seca es una cosa, prohibir el alcohol es algo que nadie va a hacer, porque en el pasado trataron y no pudieron. Por último, si prohíbe las peleas de gallos, aplaudo de pie. Ojalá acaben con cualquier tipo de peleas, de toros, de gallos, de perros. Los animales no existen para la diversión humana, no son payasos ni mucho menos.
Y hablando de diversión, los taurófilos argumentan que como parte de su libertad, ellos tienen derecho de divertirse con la "fiesta brava". Que quienes no disfrutan las corridas no tienen el derecho de imponerles su opinión y acabar con su alegría. Todavía no entiendo qué tiene de alegre ver un pobre animal encorralado por un torero y los banderillas, sangrando, echando espuma por la boca, luchando literalmente por su vida. ¡Cómo se les ocurre decir que es arte, que es un 'ballet'! Ellos se divierten porque no son el toro que está en el ruedo. La única cosa que las corridas expresan es la capacidad humana de ser cruel e insensible. Muestra el peor lado del ser humano, el lado que se divierte a costas del sufrimiento ajeno, que necesita de sangre y dolor para encontrar placer. Quien alega que tiene derecho a divertirse, olvida que los toros también tienen derecho a vivir, a no ser torturados.
Los antitaurinos no son comunistas, y si algunos son, no es un crimen. Y no desean imponer su opinión. Simplemente son conscientes, sensibles, gente que ve con los ojos y siente en el corazón el dolor del animal en el ruedo, que se indigna con la tortura. Todavía no entiendo que hay de divertido en el toreo. ¿Quieren divertise? ¡Entren en la arena y hagan el papel de toros a ver si es tan rico!
Una cosa es respetar los derechos de los otros, sus gustos, mientras eso no hiera los derechos de terceros. En el caso de las corridas, los toros, que no son objetos, tienen sus derechos y su integridad lesionados, por lo cual cualquier pedido de respeto hecho por parte de sus maltratadores no tiene validez. Al fin y al cabo, la libertad y los gustos de cada un van hasta donde comienzan los derechos y gustos de los otros. Si los toros pudieran hablar... dudo mucho que dirian que les encantan las corridas...

19 de janeiro de 2012

Dúvidas...

Faz tempo que muitas perguntas se abrigam dentro da minha cabeça. E a medida que o tempo passa, as dúvidas se agravam, e não encontro respostas para meus interrogantes, e quando encontro alguma, não satisfaz  plenamente o que eu estou questionando, como se as pessoas ao meu redor não compreendessem nem um pouco o que se passa dentro de mim. Ouço coisas como "ler demais, conhecer demais é perigoso, você está muito racional", ou então "por isso é que você está como está, até você não aceitar sua 'missão' no mundo, o 'chamado'". Isso não me ajuda em nada, só me faz pensar mais, me perguntar mais, pois, por exemplo, dizem que Deus nos deu o livre alvedrio, mas se somos realmente livres, então porque, se tomamos determinada decisão, somos punidos? É uma liberdade condicional? Ou não há liberdade alguma? É Deus tão carrasco como o pintam?
E assim, as coisas estão cada vez mais confusas, e as perguntas aumentam, e as fronteiras do que deveria pensar, de como deveria agir, se apagam, e fico lutando contra o que me é imposto, e ao mesmo tempo contra o que eu mesma me arrisco a pensar.
O ser cristão para mim está cada vez mais nebuloso. Afinal, ser cristão é o que? Seguir um monte de regras faça-não-faça? Dizem que é acreditar em Jesus Cristo como salvador pessoal, mas depois dão um manual de instruções a seguir se queremos agradar a Deus. E temos de pensar de certa forma, agir de certa outra, deixar de fazer algumas coisas que de repente viram pecado, e acreditar que tudo o que ouvirmos é divino. Dizem que para ser cristão devemos ir à igreja obrigatoriamente, ouvir só determinado tipo de música, se vestir de acordo a certos padrões. O que mais me incomoda é ter que pensar de certa forma. Se eu penso diferente, sou herege, ou ateia, ou blasfema, ou sei lá o que. E eu simplesmente não consigo mais pensar da forma que se quer que pense, não consigo agir como se quer que aja, não consigo mais nem definir ao certo o que é que eu penso e acredito. 
É tudo muito confuso. E o pior é que fica no fundo aquela sensação de culpa, tipo "e se Deus ficar chateado comigo". E fico me perguntando se Deus manda ao inferno todos aqueles que pensam diferente. É só que estou cansada de sempre ouvir as mesmas coisas, ver as pessoas repetindo como autômatos coisas que nem mesmo entendem, coisas que alguém lhes disse, e que para eles virou lei. Não concordo mais com muitas coisas que vejo e ouço, não acho mais ago primordial ir à igreja, não consigo mais ir junto com os outros e aceitar passivamente tudo. Não é mais "divino" para mim. E assim, muitas coisas estão suspensas, e me angustio ao ficar flutuando nas dúvidas, ao ficar em cima do muro em muitas questões para as quais não tenho uma resposta definida, porque se me decido por uma resposta estarei entrando em contradição dentro de mim. Afinal, não é fácil sair de algo que sempre se aprendeu como certo, como única verdade possível. Não é fácil sair por ai descobrindo outros caminhos, conhecendo novas formas de pensar e de ver o mundo.
Estas semanas estava lendo o "Anticristo" de Nietzsche. Com muitas das coisas que ele fala não concordo, e bom, no final ele era um aristocrata chorando porque a ralé estava querendo sair da sua miséria e os "nobres" estavam sendo postos como iguais à "gentalha". Mas outras tantas das coisas que ele diz fazem sentido, até hoje se veem os sacerdotes, sejam protestantes ou católicos, querendo mandar na vida das pessoas, ainda hoje se usa o pretexto de "evangelizar" para mandar os outros para o inferno, ainda hoje ser cristão é uma exclusividade, só nós merecemos o céu, e vivemos pensando no tal céu, e deixamos de desfrutar a vida terrena, pensando sempre no paraíso que vamos habitar após a morte. 
É algo tão onírico, tão indefinido. E as pessoas suspiram por esse dia. Poxa, como é possível alguém querer morrer logo só pra ir no céu?
A minha pergunta principal é se algum dia vou conseguir pelo menos algumas respostas para tanta pergunta que ronda na minha cabeça. Espero que sim, porque a vezes penso que vou enlouquecer nessa incerteza. Eu preciso saber qual é meu rumo na vida! Por que as coisas têm que ser tão complicadas?

19 de dezembro de 2011

O Cândido de Voltaire, o Mundo e o Autor de Eclesiastes

Acabei de ler o livro "Cândido ou o Otimismo", de Voltaire. É um romance muito interessante, onde o filósofo narra as desventuras de Cândido, um rapaz que aprendeu desde criança que este é o melhor dos mundos possíveis, que tudo o que acontece sempre é bom, que tudo leva ao bem e todos estão maravilhosamente. Esta é a filosofia positivista de Leibniz, a qual Voltaire combate ao longo de todo o livro. Cândido passa por muitas desventuras, encontra seu antigo professor, o otimista Pangloss, perde sua amada, a encontra e a perde de novo, viaja para América, encontra o pais de Eldorado, único lugar da terra onde todos são efetivamente iguais e felizes, um paraíso perdido, no qual, contudo, Cândido e seu servo Cacambo não ficam por muito tempo, um querendo encontrar sua amada e o outro desejando voltar à sua terra, a Europa. Eles partem cheios de riquezas, que contudo perdem depois de muito caminho, Cândido é roubado por um holandês, por muitos franceses e por mercadores. Depois encontra um filósofo para o qual tudo no mundo é ruim, chamado Martinho. Ele é o oposto de Pangloss, que tinha sido enforcado mas que depois Cândido vai achar de escravo numa galera, remando. Depois de idas e vindas, Cândido reencontra sua amada, agora muito feia, e casa com ela por teimosia, perde o resto da sua fortuna e termina com uma granja em Constantinopla, vivendo com uma mulher amargurada, um servo que reclama da existência e um Pangloss que não admite que este não é o melhor dos mundos. Ele, Cândido, Martinho e Cacambo discutem esse assunto ao longo do livro, ora afirmando, ora confrontando essa afirmação ao que encontram no caminho: pessoas que sofrem, miseráveis, tristes, países em guerra, injustiças e opressão. No fim, Cândido, depois de conhecer um homem que simplesmente é feliz com o que tem, em lugar de procurar uma felicidade idealista, conclui que o que ele tem a fazer é "cultivar o seu jardim". Assim, ele chega a um equilíbrio entre o otimismo de Pangloss e o pessimismo de Martinho. O mundo não é nem o melhor dos mundos possível, nem a pior das porcarias. O mundo é algo a ser aproveitado. Tem suas coisas boas, e tem suas coisas ruins, e o melhor a fazer é desfrutar o que se tem, e ser produtivos, já que o homem não nasceu para o ócio. 
Este livro, mesmo sendo escrito há muito tempo, ainda é muito atual. Hoje em dia, mesmo que todos saibam que há tristezas no mundo, que há muitas injustiças, que há opressão, desigualdade, racismo, preconceito, escravidão, violência, as pessoas muitas vezes pretendem fingir que não há nada disso. O mundo consumista de hoje faz as pessoas cegas, preocupadas com seus próprios umbigos, interessadas unicamente em adquirir mais e mais coisas para seu próprio prazer, buscando a sua felicidade sem se importar com os outros. Cândido, na sua caminhada pelo mundo, se surpreende com todas as desgraças que acontecem aos homens, e, querendo encontrar alguém feliz com sua condição, não o encontra, nem mesmo quando esse alguém é rico, pois é tão rico que fica aborrecido com sua própria riqueza, e não acha mais prazer em nada. Hoje há muitas pessoas assim, que têm tudo e não têm nada, que, mesmo sendo ricos, não são felizes.
Não posso deixar de ligar o pensamento de Voltaire ao do autor do Eclesiastes. Tanto um como outro refutam um pensamento: Voltaire, aquele de que o mundo em que vivemos é o melhor possível, o autor de Eclesiastes, o pensamento, ou melhor, a teologia que diz que o justo se da bem e o mau se da mal. Eles não tem que fazer outra coisa que dar uma olhada ao seu redor: onde quer que eles vêem, há dor, tristeza, injustiça. E o pior é que poucas coisas mudaram desde os tempos bíblicos, e desde os tempos de Voltaire. Ainda há injustiça, maldade, opressão, desigualdade. O que acho mais interessante é que os dois autores chegam a uma conclusão semelhante: ante todas as tristezas do mundo, o que há de melhor a fazer é aproveitar o dia-a-dia. Cultivar o jardim, aproveitar o tempo, desfrutar das coisas do mundo: o pão, o vinho, a mulher ou o homem com quem se está. Não adianta querer inventar um mundo perfeito, pois o mundo não o é. 
No final do livro, Pangloss ainda teima que este é o melhor dos mundos e que todas as desgraças sofridas por Cândido foram boas. Ao que este responde: "Muito bem, mas é preciso cultivar nosso jardim". É uma frase que resume todo o pensamento de Voltaire, e que se coneta com o "bebe teu vinho, come teu pão e desfruta a vida com a mulher da tua juventude, pois esta é a tua parte na terra" (versículo parafraseado) de Eclesiastes. E que, ao meu ver, é o melhor que podemos fazer neste nosso mundo maluco. Não podemos nos enfiar numa cápsula de cristal e pretender ignorar as tristezas deste mundo. Mas também não podemos achar que não há nada neste mundo que valga a pena (como muitos cristãos fazem). Temos é que viver a nossa vida, dia após dia, com simplicidade, sem deixar-nos levar pelo consumismo do nosso tempo, fazendo bem o que podemos fazer.

18 de dezembro de 2011

Facebook e a Feira da Banalidade

E por fim o Facebook virou moda no Brasil. Depois de muito tempo ignorado, o Facebook conseguiu desbancar o Orkut. Agora todo mundo usa Facebook, e fala mal do Orkut. Algo que chama minha atenção em tudo isso é a Feira da Banalidade que o site de relacionamentos virou de um tempo pra cá. São piadas sem graça, frases sem noção, machistas ou apelativas de alguma forma, desenhos mal feitos, coisas que não dá pra entender como foram parar ai. E todo mundo curte, todo mundo compartilha. Parece que a impessoalidade da internet nos permite exibir um pouco da nossa banalidade, e usamos sites como o Facebook para compartilhar a parte de nós que é mais brincalhona, mais sem noção. 
Mesmo que haja pessoas postando coisas "sérias", a maioria das coisas que se vê no Face é pura "palhaçada". Sites como esse tiram nossa inibição, parece que podemos falar tudo que pensamos, zoar os outros sem piedade, compartilhar um pouco da nossa tolice. 
O problema é quando a tolice é real, quando pessoas sem noção compartilham seus pensamentos sem te-los pensado, e acontecem coisas como a brincadeira de mau gosto com o Lula, as frases chatas quando a Amy Winehouse morreu. Mesmo sendo o Facebook um site que muitos usam para relaxar, para passar o rato, devemos ser conscientes do que escrevemos nele, do que postamos. Afinal, mesmo que cada um escreva e poste na privacidade do seu lar, no seu quarto ou escritório, o que se coloca na internet vira algo público! 
Ahhh, ser humano... pretendemos ser tão sábios, tão sérios, quando no fundo todos temos algo de tolice!

24 de novembro de 2011

Menina, Mulher e a Perda do Auto-respeito

Às vezes acho que o mundo está virando de cabeça para baixo e ninguém percebe. E quem percebe se enfia na cabeça que a solução é se fechar ao mundo e viver numa redoma de cristal, que se chama fé, igreja ou o que seja. E enquanto isso, o mundo continua virando. Nestes dias vi no Facebook uma dessas postagens prontas, e achei interessante. Ela dizia: "As mulheres ficam esperando pelo seu príncipe encantado, mas não se preocupam em se comportar como princesas". A afirmação é absolutamente verdade. Hoje em dia as mulheres estão se comportando de formas absurdas. 
Me pergunto se foi para isso que as mulheres do passado recente lutaram, se foi para isso a libertação feminina. Agora tenho TV a cabo, e uma das coisas que gosto de assistir são vídeos musicais. Porém, ultimamente os vídeos tem me deixado estarrecida. Eu sei que desde sempre mulheres rebolando com poucas roupas foram usadas para vender. Mas agora está demais. Além das letras horríveis das músicas, que só cantam coisas como "me morda", "venha me pegar", "estou nem ai se saio com muitos caras", "vamos transar esta noite" e "vou te seduzir", as cantoras estão competindo sobre quem exibe mais o corpo. O que me deixou mais chocada foi ver meninas mal saídas da adolescência ou ainda apenas entrando nesta (como a filha do Will Smith) cantando que vão pegar o homem, que vão trair o homem, que são livres de quebrar o barraco e fazer o que bem entendem, quase sempre sexualmente falando. A liberdade duramente conquistada virou libertinagem.
O problema é que fazendo isso a mulher está se degradando. Está ainda concordando com a mentalidade machista de mulher-objeto, mulher que se vende como um produto na vitrine. Do tipo: se não estou gostosa, ninguém me pega. Que não haja mal-entendidos. A mulher que ama a si mesma se cuida, se arruma. Simplesmente por gostar de si mesma. E o auto-respeito, então? Parece que as mulheres procuram que os homens as respeitem e as tratem como devem ser tratadas, mas vivem demonstrando que não se respeitam nem um pouco, vendendo baratos os beijos, que dão a qualquer desconhecido em qualquer boate, isso para não falar do próprio corpo. 
Não estou pregando aqui o vestir-se de freiras, ou sei lá que puritanismo extremo. Simplesmente o simples bom gosto que as mulheres têm que ter quando se vestirem, e na forma de se comportarem. Elas têm que lembrar que valem muito, que não são objetos para passar pela vida de mão em mão, exibindo seus atributos para chamar a atenção, deixando que as tratem como lixo. Já bastante temos com a indústria da música, com a televisão, com a publicidade que ainda passam a imagem da mulher burra, loira e gostosona que só serve para mostrar o peito e a bunda para a felicidade masculina. Já temos bastante com a luta que as mulheres têm para conseguir um salário digno, para superar o machismo numa sociedade que ainda é extremamente machista. Já temos bastantes mulheres filés, frutas e outros comestíveis, que, pelo menos para mim, são vergonhosas. As mulheres devem se respeitar um pouco, caramba! Para não terminar nos braços de caras como o Enrique Iglesias, que canta "eu vou te amar esta noite (leia-se transar com você), você conhece minha fama, sabe como eu sou mas mesmo assim está afim de mim", num vídeo que mostra que o amor dele dura menos de uma noite, depois de uma rapidinha ele já partiu para outra. E as pessoas ouvem isso e acham a música o máximo...
E o pior é que como as coisas estão, a infância das meninas está acabando. Desde crianças são instruídas a comprar maquiagem (vejam-se algumas propagandas de maquiagem em canais infantis) para conquistar "o gatinho dos sonhos". Meninas que nem sabem lavar a calcinha, como diria minha mãe, que deveriam estar pensando em brincar e curtir a brevidade da infância, se preocupam com saltos, maquiagem, roupa ousada, chapinha no cabelo, unhas feitas, sem falar nas fofocas dos famosos e em quem delas já começou a namorar. Meninas que vêem garotinhas como elas rebolando nos clipes musicais e falando que vão fazer o cara "pirar" por elas. Misericórdia! 
Este mundo está cada vez mais maluco, e os valores estão sendo jogados no lixo à toa. E no meio disso tudo há meninas crescendo acreditando que no mundo só se pode viver se se é a mais bonita, a que mais fica com um e com outro. Afinal, agora somos livres de fazer o que queremos. Só que uma coisa é liberdade, e outra libertinagem. E a libertinagem não machuca ao próximo, machuca ao libertino. Cedo ou tarde. 
Graças a Deus as mulheres atuais temos mais liberdade com relação às nossas avós. Graças a Deus podemos pensar por nós mesmas e agir por nós mesmas, e sermos independentes. Vamos continuar a desperdiçar nossa liberdade agindo como vagabundas, gritando ao mundo que só servimos para rebolar, vender produtos e pegar homens? A mulher é muito mais do que isso!! 


P.S. Uma cantora muito boa que não anda ensinando a bunda, e é maravilhosa, é a Adele. Todas deviam seguir o exemplo dela...