A palavra egoísmo significa: “amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios”. Cada um olha por si, e os outros podem ir pro brejo.
O que tem a ver isto com a igreja? O que tem a ver conosco? Nós estamos inseridos na sociedade, e muitas vezes nos comportamos de forma parecida às pessoas ao nosso redor. Muitas igrejas se fecham aos outros, se tornam entidades que trabalham para si mesmas: as pessoas de fora igual são perdidos e não merecem que compartilhemos do nosso tempo santo com elas. Muitas vezes se estabelecem distinções

Mateus 9, 35-36. Durante seu ministério Jesus demonstrou sempre amor e compaixão pelas pessoas. Aqueles que eram considerados pecadores aos olhos dos religiosos da época, porque não podiam cumprir todas as leis, porque eram incapacitados fisicamente ou porque não iam ao templo, eram atingidos por Jesus. Para Jesus não existiam divisões sociais ou religiosas capazes de fazer com que só uma parte do povo merecesse ouvir a sua palavra. Ele via as multidões como ovelhas sem pastor, cansadas, sem esperança. Uma ovelha é um bicho muito burro, sem pastor ela está condenada à morte. As pessoas sem Jesus estavam, e estão condenadas à morte eterna.
Porém, a igreja de Cristo, que devia ser imitadora de Cristo, está reproduzindo o modo de ver as pessoas dos fariseus da época de Jesus, e o modo de viver imposto pela nossa sociedade individualista. Estamos muitas vezes comportando- nos como o levita e o sacerdote da parábola do bom samaritano, evitando o contato com o ferido. Muitos falam: “Somos nós, crentes” Como se por sermos crentes, por vir à igreja merecêssemos um prêmio ou a bênção incondicional de Deus. E o povo? As pessoas que se perdem porque estão sem um pastor que as guie? Muitas vezes nos esquecemos de que um dia fomos como eles, perdidos e sem esperança.
Para sermos como Jesus, devemos sair do nosso quadrado. A nossa missão não é ficar na igreja, bonitinhos, todo domingo assistindo ao culto e fazendo o que um “crente”deve fazer. Nós devemos enxergar como Jesus enxergava. Ao caminhar pela rua, Jesus não via pessoas feias, como muitas vezes nós vemos, não via pessoas sujas ou que devia evitar. Ele via pessoas que precisavam dele, cansadas, de olhar triste, doentes do corpo e do coração. Pessoas sem esperança.
A igreja deve sair da sua comodidade. Ela deve passar a se preocupar menos com o irmão que me olhou mal, com as brigas sem importância, e passar a se preocupar mais com as pessoas. Precisamos enxergar as necessidades da gente ao nosso redor.
A modernidade, como se falou, trouxe a solidão. Já não existe mais compaixão. Na Inglaterra, país onde se desenvolveu muito o protestantismo, as pessoas podem ver uma velhinha cair na rua, e passar do lado. Ninguém ajuda a ninguém, cada um deve ficar no seu quadrado para não “invadir a privacidade do outro”. A nossa realidade não é tão extrema. O brasileiro é hospitalar e acolhedor. Porém, estamos tão acostumados a ver o sofrimento, que quem sofre não nos importa mais.
As pessoas clamam por esperança. Elas precisam uma razão para viver. Nós sabemos que a única esperança e vida verdadeiras estão só em Jesus. O que estamos fazendo para espalhar esta notícia? Não se trata simplesmente de falar, devemos também atuar. (Ler Mat. 25, 42-43) Se nós pregamos o evangelho a alguém com fome, e o deixamos com fome, ele não poderá sentir o amor de Jesus em nós. O nosso Senhor não somente falava, ele fazia.
Mt. 9, 37-38. Para finalizar, devemos começar por orar ao Senhor que nos capacite a ir a este povo que precisa de nós. Ele via que a seara era grande. Precisamos não um missionário só, mas toda a igreja enxergando o povo que morre sem Jesus, que vive uma vida triste, que afronta os problemas sem saber que ao seu lado pode ter ao melhor de todos, a Jesus. Cada um de nós deve se preocupar com as outras ovelhas, aquelas que ainda não conhecem ao pastor mais amoroso que possam ter nas suas vidas. Nós somos ovelhas resgatadas, e devemos nos ocupar com nossas irmãs que estão perdidas. Não há divisão possível entre “igreja” e “mundo”. Nós não somos melhores do que eles. Em certo modo somos as vezes piores, pois conhecemos ao salvador e não nos importamos por fazer com que eles o conheçam também. Somos egoístas.
Jesus tinha compaixão das pessoas, e nós?
2 comentários:
Viviana,
O que você escreveu foi um belo relato da Igreja atual. Pessoas individualistas que não se preocupam com o seu irmão e neste momento lembro-me das sábias palavras que dizem: "ame o próximo como a ti mesmo", "não amemos de língua, nem de palavras, mas em ações e em verdade" (que aplico como ações sinceras, já que um dos sentidos da palavra Aletheia é sinceridade), "se não amamos o próximo a quem vemos como amamos a Deus a quem não vemos?"
O relacionamento verdadeiro está em primeiro me amar para que possa amar o meu próximo e assim amar a Deus. Jesus já dizia que "Qualquer um que recebe um dos meus pequeninos a mim recebe", isso que dizer que devemos amar, fazer as coisas para o próximo assim como faríamos para Deus.
A falta de amor ao próximo, falta de Tolerância, compreensão, atos de caridade apenas é reflexo de como anda o relacionamento da Igreja com Deus.
Com isso me lembro do texto que foi a base da minha última mensagem II Pedro 1. 1-11, porém o centro foi do 5 ao 9 que diz: "4 Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.
5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência,
6 E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade,
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9 Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados."
A vida do verdadeiro Cristão, em II Pedro, deve ser uma vida equilibrada, veja que ele põe tudo no mesmo nível, não é a fé maior que o conhecimento que não é maior que o amor fraternal que não é maior que a caridade, etc. tudo está igual e uma vida saudável é aquela que equilibra. Mas, infelizmente nas nossas igrejas a fé basta, você só precisa de fé e mais nada. Amor ao próximo para quê? A minha fé me basta! Infelizmente está assim. Formamos a cada domingo vários egoístas, auto-sufucientes.
Mas ainda bem que temos pessoas como você que está com olhos abertos a nessa necessidade da igreja.
Abração
Lembre-se: Olhar para Deus sempre é para o próximo e as questões sociais! (Pierre Mattos)
Obrigada Pierre!! De verdade que nas nossas igrejas estamos criando um monte de individualistas, isto me irrita muito! rs. Fica com Deus!
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