As aulas deste semestre curiosamente têm estado muito relacionadas umas com as outras, os temas convergem e dialogam entre si, e todos levam às mesmas conclusões:
A salvação é coisa para ser vivida na Terra, isso de que ser salvo é ir ao céu é coisa do passado. Nesse sentido, as aulas de ética e teologia têm me servido muito, já que a ética é algo que muitos estão transgredindo, e mesmo dentro da igreja o valor da vida se perdeu, por aquilo de que o ser humano 'é totalmente ruim'. Se somos totalmente uma porcaria, a melhor perspectiva que temos é morrer e ir para o céu. A vida na terra é algo de passagem, por isso, se sofremos aqui, ou se nossos direitos são violados aqui, ou se somos oprimidos e manipulados por ideologias que favorecem aos poderosos, não há como reagir: o mundo é assim, é mau, e não temos perspectivas de mudança ou libertação. Porém, tenho aprendido que o homem não é mau totalmente, é um ser complexo cheio de ambiguidades. Eu poderia falar que sou isso, um ser complexo, mas nem isso responde à pergunta de quem sou eu, porque ela não me está perguntando como sou, mas quem sou.
Outra coisa que aprendi, e que deriva da primeira, é que o sistema atual do mundo é totalmente contrário à mensagem de Jesus, à mensagem da vida, à simples lógica que diz que a vida é importante. Não só a vida dos ricos, não só a vida dos seres humanos. A vida da Terra tem valor, cada pequenino ser humano, criança, mulher, homem, ave, insetos, árvores, tudo é valioso, tudo merece respeito e tudo precisa de atenção. Parece algo que todo mundo sabe, mas acho que de tanto ouvir falar a gente acaba esquecendo a essência do valor da vida. Todo mundo sabe que o planeta está sofrendo, que se não mudamos nossa atitude o aquecimento global acabará conosco. todos sabem, mas todos deixam pra lá. É mais importante o interesse monetário daquela ind
O que aprendi que me levou à reflexão da pergunta "Quem sou eu" é um novo caminho de espiritualidade, um desafio muito grande para uma seminarista que mal deixa tempo para ler a Bíblia, para dedicar um tempo em silêncio a Deus. Este caminho o encontrei no livro que tivemos que ler para a matéria de "Aconselhamento Cristão", o qual se chama: 'Crescer, os três movimentos da vida espiritual', de Henri M. Nouwen. Profundamente simples mas tremendamente complexo, ele mostra como ser melhores pessoas na relação consigo mesmos, com os outros e com Deus. Difícil para mim é pôr em prática o que o livro fala (não é receita de bolo ou auto-ajuda, é um simples falar da essência do ser humano, por isso é difícil, acho...), me dedicar a me achar de verdade. O professor, fazendo as reflexões do livro, planteou a pergunta que titula esta postagem. Se respondo - Sou Viviana, ele diz: Não perguntei seu nome. Quem é você? -Sou seminarista.-Não perguntei o que você faz... e assim por diante. Eu já tinha ouvido esta pergunta e essas respostas, muito tempo atrás, nas minhas aulas de filosofia no segundo grau. O professor Roberto Cano falou exatamente as mesmas coisas: Quem é você? Eu não estou perguntando nome, sexo, idade, estado civil ou profissão. Eu perguntei quem é você. Ao ouvir de novo esta pergunta nesse sentido, percebi como deixamos de lado tão facilmente as coisas essenciais da vida, como passamos os anos procurando melhoras profissionais, um bom emprego, e quão pouco nos preocupa-mos em conhecer a nós mesmos. Isto porque tanto nessa época como agora, a resposta é a mesma: não sei. Não sei quem eu sou.
É um pouco desolador não saber quem se é. Eu sei o que estou estudando e o que quero fazer quando me formar. Sei que daqui a uma semana vou estar vivendo meu último dia de solteira, e que vou ser esposa. Sei de onde venho, e que quero ainda ir para muitas partes. Mas quem eu sou? Qual é a minha essência? Para que estou no mundo, quem eu sou?
Espero encontrar-me daqui por diante. Vou precisar aprender a disciplina, encontrar um tempo para mim mesma, sem fugir de mim, sem pôr música ou ligar a tevê para não me sentir só. Preciso ouvir minha voz interior, o quê ela tem para me dizer. E também preciso um tempo em silêncio diante de Deus. Um tempo em que possa ler a Bíblia sem questionar Paulo, ou zoar Davi, ou dizer que Neemias era um racista. Pode que não concorde com eles, mas a questão vital não é concordar ou não, mas escutar o que essa Bíblia que fala a tantos tem a me dizer. Coisa de seminarista: antes eu ouvia, agora só estudo a Bíblia. Estudo no sentido acadêmico, de datas de composição e teologias originais. Eu amo isso. Eu gosto de descobrir a voz do autor dirigida ao seu público de tanto tempo atrás. Mas ainda sei e acredito que Deus usa esses textos para falar às pessoas. Só tenho que voltar a eles com outra perspectiva. Ai, Senhor. Parece tão fácil escrito...
Talvez daqui a uns anos eu leia de novo este texto, talvez tenha esquecido meus propósitos, voltando à correria muda do dia-a-dia. Espero que não, espero ter estabelecido um diálogo comigo mesma, e um diálogo com Deus. Espero ter aprendido um pouquinho de mim, e poder responder, pelo menos em parte, a pergunta: Quem sou eu.