22 de março de 2011

Igreja de Produção em Massa II

As vezes a pressão que a gente sente na igreja é mais do que podemos suportar. Sei disso porque às vezes não sei o que fui fazer lá, não sinto aquela paz, aquele "estou aqui louvando a Deus", mas sinto uma carga, uma pressão, um "tenho que vir porque pega mal...". Pega mal. Para meu marido, claro. Acho que é o preço de casar com ministro. Ainda bem que ele não é pastor. As igrejas cobram demais do pastor e da sua família. A esposa de pastor deve ser uma mulher submissa que trabalha em todas as atividades da igreja. Que está ai sempre que se precisa. Ahhh fala sério, isso não é pra mim! De mim só se cobra que eu vá na igreja. Mas ainda isso é bastante.
Mas o que eu queria falar mesmo é da hipocrisia que resulta dessa pressão da igreja por fazer seus membros "santos". Santo não é qualquer um, ele tem que cumprir certas regras: tem que ser religioso, ir na igreja todo domingo, participar em todas as atividades, nunca beber nem fazer nada que não seja "de crente".  Isso corta muito as asas das pessoas. Pelo menos as minhas e de muitos que conheço. E ai, surge a hipocrisia. Alguns se resignam, cumprem ao pé da letra o que os outros membros da igreja cobram, e vivem felizes. Até eu já fui assim, e achava que tudo era vontade divina. Mas um dia acordei para a vida real, e não consigo mais ser assim. Não consigo me sentir pecadora por tudo. Não consigo eleger minhas roupas com base no que posso ou não usar na igreja. Só que a pressão ainda existe. E só resta andar, mesmo sem querer, mesmo odiando ter que fazer isso, pelo caminho da hipocrisia.
A hipocrisia que faz dividir o guarda-roupa em dois: roupa que se pode usar na igreja, roupa que não se pode usar. Mesmo que o vestido seja comprido até o chão, se ser tomara-que-caia pode ferir a respeitabilidade de certos velhinhos membros da igreja, então melhor não. E se a gente quiser ir tomar um gole com os amigos num barzinho, melhor sentar nos fundos, não seja que alguém da igreja passe e veja a gente. Absurdo! Como se a gente estivesse cometendo o maior crime! Porém, se sabe que certas coisas pegam mal. Então a gente tem que fingir, tem que se esconder, tem que fazer tudo quando os outros não vão ver. Tem que ser hipócrita.
Eu já cansei disso. Sinceramente não estou nem ai para o que os outros pensam de mim o do que eu faço. Mas tenho que pensar no meu marido, porque pode pegar mal para ele. E assim, tenho que continuar com a hipocrisia. Tenho que me segurar quando quero sair dançando, tenho que deixar de ser eu mesma.
Nesse sentido a igreja me asfixia. Em lugar de ser o grupo de irmãos com os quais me reúno para louvar Deus, virou um grupo de gente pronta a apontar o dedo na minha direção, para falar mal de mim. E não suporto mais isso.
Afinal, onde fica a liberdade? Se todos os olhos estão atentos para qualquer nosso "erro", onde fica a nossa liberdade individual?

2 comentários:

Pierre Mattos disse...

Querida colega Viviana, quem mentiu para você que no meio evangélico há liberdade? Existe uma diferença muito grande entre o TER e DERIA TER. O que há hoje é isso EVANGELICOS ou melhor EVANGELOUCOS e não cristãos. No dia em que os evangélicos verdadeiramente se tornarem cristão eu voltou a igreja para algo mais místico. Pois no momento quando vou, vou para um clube para reencontrar amigos que infelizmente ainda estão neste inferno chamados igreja. Graças a todos os deuses e deusas, orixás e espíritos, budas e todos os seres metafísicos que existem tem quase dois anos que não ponho o pé dentro de uma igreja. Cansei que ser humilhado, ouvir e ter que ficar quieto. Não ser respeitado, ser um endemoniado. Agora, sim faço a papel de um endemoniado, o mais possível, pois atormento-os. Não fico quieto com as injustiças cometidas por pessoas que se dizem serves de um deus. Seja esse deus quem for.
No dia 16/12/09 escrevi a mais bela carta da minha vida. A minha carta de exclusão que dizia “querendo começar bem o próximo ano, eu peço desligamento deste lugar que tanto me fez mal” Assim passei a ser feliz. Nunca tinha sido tão feliz em minha vida. Alias vida era coisa que não tinha, pois o que mais deseja era a morte. Porque para mim era melhor morrer, pois assim, mesmo no inferno condenados pelos irmãos e pela igreja, ainda não serviria de escândalo para o evangelho da graça. Graça está que só provoca desgraças. Pais ficando contra filhos, família inteiras deixando seus jovem irem para qualquer lugar sem amor, sem perspectiva alguma. Hoje posso disser com todas as letras SOU LIVRE! Hoje posso dizer que SOU FELIZ! Dane-se o que vão pensar se sou gay, se sou qualquer outra coisa na minha vida. Ninguém trabalha para mim, ninguém vai se quer a uma aula da faculdade. Tranquei meu curso de teologia, depois tive que trancar letras. Fiz um curso de Tecnologia da informação em 11 meses. Hoje, graças a meus esforços estou numa empresa que me valoriza, ganho meu dinheiro limpo e voltei para o curso de letras, não preciso fazer escambos em igrejas. Sou ATEU graças a deus. Saudades! Bjo Grande! Pierre Mattos

Viviana Carolina Mendez Rocha disse...

Bom Pierre, eu acho que eu sou livre, ou pelo menos estou procurando minha liberdade, e nao acho que para ser livre a gente tenha que renegar de Deus. Vc fez o que achou melhor, e é assim mesmo, cada um faz seu caminho. O meu tem Deus ainda, mas estou me libertando de muitas ataduras que a igreja impõe. Veja bem, a igreja é uma coisa e Deus é outra. Mas bom, eu acho que o importante é ser feliz! Saudade de vc!