Ao longo da nossa vida aprendemos a obedecer as regras impostas pelos outros. Quando crianças pensamos que a palavra dos nossos pais é absoluta, eles são infalíveis. Quando crescemos, vemos que eles estão sujeitos ao erro, e sua palavra e regras podem assim ser questionadas.
Com o passar do tempo, muitas coisas passam a ser questionáveis. Leis, regras de comportamento, palavras, atitudes, e aprendemos a procurar (numa procura que só vai acabar com a morte) a razão nas coisas deste mundo, queremos saber que coisa é verdadeiramente importante, que coisa é inalterável, e que coisa não.
Nesta dinâmica, nos deparamos muitas vezes com "absolutos", coisas que pretendem ser inquestionáveis, inalteráveis, imutáveis, e que são usadas por alguns para impor sobre os outros suas próprias razões. Os absolutos fundamentam a autoridade das pessoas que os estabelecem. Quando alguém começar a questionar estes absolutos, será feito todo o possível para calar estes questionamentos. Para que estes "absolutos" o sejam efetivamente, devem proporcionar ao nosso entendimento razões suficientes para que a nossa procura sobre o seu sentido seja satisfeita.

Reconhecidamente, as razões religiosas são as mais "absolutas". Ao mistificar as regras, ao colocar transcendência nelas, estas regras, que antes podiam ser simples argumentos questionáveis, passam a ser "absoluto" indiscutível. Contra elas não se pode levantar argumento contrário.
Um exemplo disto foi toda a Idade Média, onde a palavra dos Papas era tida como palavra de Deus (mistificada), de forma que fosse o que for que eles falassem tinha que ser obedecido sem questionamento algum. Mas os "absolutos" não o são eternamente. Um dia surgiu Lutero, e incluso antes dele outros grupos surgiram, e questionaram esta conceição, quebrando assim o poder absoluto da Igreja Católica sobre a vida das pessoas.
Porém, quando um absoluto cai outro se levanta. Lutero quebrou absolutos mas estabeleceu outros.
Qual é o ponto ao qual quero chegar, afinal?
Para mim, e este é o ponto, todos os absolutos são questionáveis. Isto é algo muito perigoso de dizer, visto que a igreja se fundamenta em absolutos. "Isso é pecado por..." e vem um monte de absolutos. "Você não pode fazer desse jeito, porque..." e vêm mais absolutos. Mas todos estes são, para mim, relativos. A crise é quando tudo é considerado relativo. Ai, qual é a razão deles? Qual é a verdade?
Quando a verdade se apregoa como absoluta, se excluem todas as outras. Porém, há no mundo mais do que um ponto de vista, e há assim mesmo mais de uma verdade absoluta.
E agora? Como disse antes, nossa procura pela razão das coisas será infinita. O importante é reconhecer os "absolutos" que nos são impostos. Se não reconhecer a questionabilidade destes não há mais nada a fazer.
Depois, é importante questionar. Assim como começamos a questionar nossos pais quando adolescentes, podemos começar a questionar todas as coisas que se nos impõem. Até aqui cheguei eu. Estou ainda procurando o passo a seguir.
Não sei se este texto ficou confuso, porém, se assim for corresponde ao estado da autora. Nestes momentos nada é claro no horizonte... só muitas mudanças acontecendo, paradigmas sendo quebrados, e a procura por um paradigma que para mim seja coerente. Misericordia!!
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