Escrever é uma arte, é uma paixão. Poder expressar o que se sente, poder desenhar com palavras paisagens inteiras, descrever emoções, inventar vidas, situações, pessoas, mundos inteiros. Ou falar do próprio mundo, opinar, tentar mudar um pouc
o as coisas. As palavras são armas. Não se alguém já disse isso. E podem ser bem usadas, ou mal usadas.

As palavras sempre chamaram minha atenção. Não elas em si (para gramática nunca fui boa, confundo tudo...) mas o que elas transmitem, o que expressam. São meio que um enigma para mim. Me falam que eu escrevo bem, mas não sei realmente se o faço. Foi uma surpresa para mim a primeira vez que ouvi dizer isso. Não que seja falsa modéstia, alias, sempre quis ser escritora, mas ouvir as palavras concretas de elogio é algo diferente do sonho. Muitos podem querer escrever. Ou pintar quadros. Mas do querer ao fazer há muita distancia.
Eu escrevo. As vezes gosto do resultado. Outras vezes não. Desde cedo tentei escrever histórias, contos, sei lá, qualquer coisa. Achei os resultados muito chatos. Muitas vezes nem terminei. Mas o tecido dos textos, a arte de misturar as palavras de tal forma que se tornem um conjunto interessante, coerente e compreensível, isso é um mistério para mim.
Escrever. Todo mundo escreve: scraps no orkut, e-mails, trabalhos para a escola, apuntes no trabalho. Mas isto não tem nada a ver com arte. É a arte convertida em simples ferramenta. Escrever de verdade é algo que se faz com vontade, com amor. Os grandes escritores não escreveram enquanto tinham um tempinho livre, ou quando passavem comerciais entre as novelas. Eles se dedicaram. (Disciplina. Algo que eu ainda estou procurando. Não que não tenha, só tenho pouca). Mas os sonhos se construem, e a vida nos é dada para desvelar os mistérios que nos encontramos pela frente. Como a caixinha de música se abre para entoar uma melodia nunca ouvida, as palavras surgem do fundo da mente, do coração, para descrever coisas que se encontravam ocultas, que não existiam. Assim, não existia o mundo de Nárnia até que C.S. Lewis o criou (de um modo magistral, tenho que apontar). Cada um tem seu próprio mistério. O enigma do músico se encontra no seu instrumento que, antes de saber tocar, era inútil e sem sentido para ele. Aprendendo a tocar, dominando seus segredos, se abriu para ele um mundo novo de sons, melodias e músicas emocionantes. O mistério do médico é o corpo humano. E assim, cada um vai na vida, conhecendo, aprendendo a desvelar seus mistérios.
Eu estou começando minha caminhada. Mas quero desvelar o mistério. Enigma das palavras, que podem se fazer chatas como num livro que a gente não gosta, ou envolventes, como nos livros que chegam ao coração e não saem mais. Espero que desvelando meu mistério tenha algo para oferecer. Algo para ensinar. Mas também algo para me revelar a mim mesma, isso que eu sou e que até agora tão pouco conheço.
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