Eu vi estas imagens chocantes ontem, e até hoje estou aterrorizada. Pasmada. Como pode alguém, que diz se chamar ser humano, fazer algo assim? Como pode "isso" (não tenho mais vontade de falar de "alguém") infligir uma dor assim a um ser inocente? Por que? Não tenho palavras suficientes para expressar minha dor e indignação. Não palavras "decentes", pelo menos.
O ser humano é a única criatura terrestre que se distingue pela sofistica
ção da sua crueldade (Se é possível falar em crueldade sofisticada...). Cada vez mais há métodos piores de tortura, cada vez mais a dor do outro é ignorada. Quem é capaz de erguer sua porca mão para machucar desse jeito um animal que nunca teve a chance de se defender, não tem o direito de ser chamado de humano. Se assim age contra uma criatura indefesa, que nem pode falar para se defender, quanto mais cruelmente agirá contra seu próximo! Quem é cruel com um ser vivo é cruel com todos.

E a indústria esconde isto. A moda não fala ao respeito. O que importa é aquelas mulheres bonitas, elegantes, vestidas de peles finas, exibindo o fruto da dor de outros. Da morte de outros. Para fazer um sobretudo são necessárias 100 mortes. 100 chinchilas que morrem para satisfazer a vaidade de uma só pessoa. Claro, o importante é exibir a "elegância" no tapete vermelho, ou nas capas das revistas.
É mais do que indústria. Chega ao fundo dos valores humanos, do que é ser humano. Os animais matam para comer. Eles caçam, eles capturam suas presas. Mas é questão de sobre vivência. E o ser "humano"? Ele come carne. Tudo bem. Mas ele é um ser que se chama a si mesmo de racional, um ser que pensa, e que assim mesmo não consegue se desprender de velhos hábitos. Como se ainda precisássemos de peles para nos vestir. E mais do que isso. Por que, para tirar essas peles, o animal é tratado desse jeito? Por que tem que sentir sua pele sendo arrancada? Ao ver essas imagens da vontade (nada cristã, confesso) de ver essas mesmas pessoas sofrendo essa mesma tortura. Ai iam saber o que é dor.
Mas de nada adiantaria torturar os torturadores. Não resolveria o problema. Outros se levantariam e continuariam, porque a indústria demanda. O comércio pouco se importa com sentimentos ou dores, ou mesmo com a vida. Se importa com o dinheiro. Como ele chega aos bolsos não é coisa que importe. Cadê o respeito à vida? Cadê o ser humano integrado com a natureza? Todos somos moradores do mesmo quintal! Todos somos habitantes da Terra, usamos ela, precisamos dela para viver. Tanto plantas, como animais, como seres humanos, precisamos de ar, de água, de dormir, de comer. Todos nos reproduzimos sexualmente (as plantas são macho e fêmea também). Todos sentimos dor. Se alguém puxa o meu cabelo eu vou sentir dor. Imaginem então alguém puxando sua pele, cortando seus pulsos e seus tornozelos e puxando a pele, tirando seu couro cabeludo, a pele da barriga, o pescoço. Isso é o que fazem com estes animais, depois de ter eles vivido o tempo inteiro dentro de uma pequena gaiola suja e fedida, sem espaço suficiente para se mexer. Antes da dor suprema, para atordoá-los um pouco eles são lançados a chão como sacos de batatas, sofrendo fraturas e contusões.
Me pergunto: isso é coisa que alguém que vive proclamando sua civilização faça? E ai vem a resposta: claro! Se nem aos iguais eles respeitam, muito menos a um animal que, aos olhos deles, é uma coisa!
O ser humano está cada vez mais imune à dor. Claro, quando é a dor dos outros. Se não sinto na pele o que o outro está sentindo, então está tudo bem. É absurdo ver quem defende a indústria das peles falando em favor desta. Bom, não concordo também com lançar pintura nos abrigos de quem usa peles. Isso só vai fazer que matem mais animais para fazer novos abrigos, porque esse ai já estará arruinado. Mas é necessário fazer alguima coisa. Devemos ver o que estamos fazendo. O homem está deixando a sua humanidade. O ser humano compreende o respeito à dignidade do outro, a solidariedade com o outro. Esse outro é tanto o próprio ser humano quanto a natureza, os animais, as plan
tas. Todo o que nos rodeia. Muitaz vezes nos deixamos seduzir pelo feitiço da sociedade consumista, que oculta de nós a realidade. Vemos nas vitrines das lojas coisas belas, mas não sabemos da cruel realidade da produção dessas "belezas". Vemos as crianças nas ruas, e nos consolamos dizendo que não é nossa culpa se elas estão ai. A culpa é dos bandidos, ou dos pais que largaram a criança à sua própria sorte.

Mas nós somos culpáveis. Quem compra um abrigo de pele está legitimando o modo como esta pele chegou a ser abrigo. Quem é indiferente à dor e as necessidades do outro está legitimando a ordem social estabelecida, como se tudo estivesse bem. E a dor está ai, nos olhos dos pequenos animais torturados, nos olhos das crianças jogadas na rua. Está no meio de nós, e nós não fazemos nada. A igreja se preocupa tanto com regras e "espiritualidade", e esquece do que de verdade importa. Deus nos pôs no mundo não como peregrinos esperando chegar ao céu. Nós temos uma missão, que atinge mais do que a "alma" (no sentido grego) das pessoas. A dor existe. O mondo geme. Homens e mulheres, crianças, animais, clamam por ajuda.
Aquele que se diz ser humano está acabando com o mundo. E quem não acaba com ele assiste ao espetáculo, impassível. Quando vamos a voltar ao plano original? Quando vamos a nos levantar contra esta "ordem" social horrorosa, que pisa sobre as criaturas mais indefesas da Terra? Igreja, tu que te dizes filha de Deus, protege a criação de Deus! Protege teu próximo, criação de Deus! Protege o teu entorno, criação de Deus indispensável para nós mesmos! Acordemos! Algo há de ser feito! Não pode haver mais deshumanização neste mundo! Cadê o coração das pessoas?
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