19 de janeiro de 2012

Dúvidas...

Faz tempo que muitas perguntas se abrigam dentro da minha cabeça. E a medida que o tempo passa, as dúvidas se agravam, e não encontro respostas para meus interrogantes, e quando encontro alguma, não satisfaz  plenamente o que eu estou questionando, como se as pessoas ao meu redor não compreendessem nem um pouco o que se passa dentro de mim. Ouço coisas como "ler demais, conhecer demais é perigoso, você está muito racional", ou então "por isso é que você está como está, até você não aceitar sua 'missão' no mundo, o 'chamado'". Isso não me ajuda em nada, só me faz pensar mais, me perguntar mais, pois, por exemplo, dizem que Deus nos deu o livre alvedrio, mas se somos realmente livres, então porque, se tomamos determinada decisão, somos punidos? É uma liberdade condicional? Ou não há liberdade alguma? É Deus tão carrasco como o pintam?
E assim, as coisas estão cada vez mais confusas, e as perguntas aumentam, e as fronteiras do que deveria pensar, de como deveria agir, se apagam, e fico lutando contra o que me é imposto, e ao mesmo tempo contra o que eu mesma me arrisco a pensar.
O ser cristão para mim está cada vez mais nebuloso. Afinal, ser cristão é o que? Seguir um monte de regras faça-não-faça? Dizem que é acreditar em Jesus Cristo como salvador pessoal, mas depois dão um manual de instruções a seguir se queremos agradar a Deus. E temos de pensar de certa forma, agir de certa outra, deixar de fazer algumas coisas que de repente viram pecado, e acreditar que tudo o que ouvirmos é divino. Dizem que para ser cristão devemos ir à igreja obrigatoriamente, ouvir só determinado tipo de música, se vestir de acordo a certos padrões. O que mais me incomoda é ter que pensar de certa forma. Se eu penso diferente, sou herege, ou ateia, ou blasfema, ou sei lá o que. E eu simplesmente não consigo mais pensar da forma que se quer que pense, não consigo agir como se quer que aja, não consigo mais nem definir ao certo o que é que eu penso e acredito. 
É tudo muito confuso. E o pior é que fica no fundo aquela sensação de culpa, tipo "e se Deus ficar chateado comigo". E fico me perguntando se Deus manda ao inferno todos aqueles que pensam diferente. É só que estou cansada de sempre ouvir as mesmas coisas, ver as pessoas repetindo como autômatos coisas que nem mesmo entendem, coisas que alguém lhes disse, e que para eles virou lei. Não concordo mais com muitas coisas que vejo e ouço, não acho mais ago primordial ir à igreja, não consigo mais ir junto com os outros e aceitar passivamente tudo. Não é mais "divino" para mim. E assim, muitas coisas estão suspensas, e me angustio ao ficar flutuando nas dúvidas, ao ficar em cima do muro em muitas questões para as quais não tenho uma resposta definida, porque se me decido por uma resposta estarei entrando em contradição dentro de mim. Afinal, não é fácil sair de algo que sempre se aprendeu como certo, como única verdade possível. Não é fácil sair por ai descobrindo outros caminhos, conhecendo novas formas de pensar e de ver o mundo.
Estas semanas estava lendo o "Anticristo" de Nietzsche. Com muitas das coisas que ele fala não concordo, e bom, no final ele era um aristocrata chorando porque a ralé estava querendo sair da sua miséria e os "nobres" estavam sendo postos como iguais à "gentalha". Mas outras tantas das coisas que ele diz fazem sentido, até hoje se veem os sacerdotes, sejam protestantes ou católicos, querendo mandar na vida das pessoas, ainda hoje se usa o pretexto de "evangelizar" para mandar os outros para o inferno, ainda hoje ser cristão é uma exclusividade, só nós merecemos o céu, e vivemos pensando no tal céu, e deixamos de desfrutar a vida terrena, pensando sempre no paraíso que vamos habitar após a morte. 
É algo tão onírico, tão indefinido. E as pessoas suspiram por esse dia. Poxa, como é possível alguém querer morrer logo só pra ir no céu?
A minha pergunta principal é se algum dia vou conseguir pelo menos algumas respostas para tanta pergunta que ronda na minha cabeça. Espero que sim, porque a vezes penso que vou enlouquecer nessa incerteza. Eu preciso saber qual é meu rumo na vida! Por que as coisas têm que ser tão complicadas?

Um comentário:

Pierre Mattos disse...

Viviana, eu para não enlouquecer me vi diante da escolha, ou voltava a ortodoxia ou rompia com tudo de vez, escolhi romper é muito doloroso, é deixar o berço de plumas de anjos apara cair em uma terra ressecada, onde cavar em busca de água, que são as coisas básicas para sua vida se torna tão difícil que parece que não suportaria. Então abracei a incerteza do agnosticismo e busca pelo conhecimento. Boa sorte na sua caminhada... Saudades!