29 de fevereiro de 2012

Pensamentos Avulsos

Estou lendo a história do Terceiro Reich, num livro muito interessante chamado "Ascensão e Queda do Terceiro Reich". É antigo, mas muito bom. Lendo esta triste história, não deixo de admirar a Hitler. Não que concorde com ele, claro, ou que ache bom o que ele fez. Mas acho a forma como ele fez tudo simplesmente genial. Se ele tivesse usado sua inteligência e sua determinação para algo bom, ia ser um grande homem. Lástima que tivesse sido um fanático, obcecado com a grandeza perdida da Alemanha depois de ser sujeita ao Tratado de Versalhes, e cegado pelo seu ódio pelos judeus e os poloneses, ódio que compartilhava, aliás, com a maioria dos alemães da sua época. Mas a forma como descifrava as pessoas, de forma que podia lhes oferecer o que elas queriam (não que cumprisse com sua palavra, mas isso as pessoas descobriam tarde demais), como planejava cuidadosamente seus passos, enfim, como fazia tudo, era genial. 
Lendo essa história, percebo que o ser humano é sempre o mesmo. Hitler era um nacionalista fanático, e pode-se dizer que era sincero no que fazia. Ele realmente acreditava que o que estava fazendo era certo. Hoje em dia, a auto-proclamada grande potência mundial, EUA, também está cheia de nacionalistas fanáticos, que acreditam que invadir os países do oriente e matar "terroristas" está certo, assim como torturar presos políticos em Guantánamo é normal. Para Hitler também era, e muitos dos deputados e líderes de outros partidos políticos pereceram dentro de cárceres e campos de concentração, junto com os judeus, ciganos e homossexuais presos pelo ditador louco. Eu acho incrível como as coisas se repetem. Em 1933, Hitler, chanceler, fez o presidente Hindenburg assinar um decreto "para o bem dos cidadãos", que autorizava Hitler a invadir casas, interceptar ligações telefônicas e telegráficas de qualquer pessoa, assim como prender pessoas sem um mandato ou provas. Tudo em nome do bem do povo, ameaçados por uma imaginária quadrilha comunista, que, segundo ele, foi a responsável pelo incêndio do edifício do parlamento. Parece familiar? Eu me lembrei, lendo, da famosa lei promulgada nos EUA depois dos atentados do 11 de setembro. 
Assim como nessa época, na Alemanha, os vilões eram os judeus, os poloneses, tchecoslovacos e franceses, agora os vilões, caracterizados assim em inúmeros filmes, séries, até livros, são os árabes. E nós, como os alemães, estamos engolindo a história que os EUA estão contando para nós.
Isso me lembra dos filmes de ação que vi agora no Carnaval. Eu não sei mais por que assisto, acho que para ficar nervosa e ficar reclamando o tempo todo. O último filme de Transformers é uma piada. O filme começa, como sempre, com Optimus Prime contando como eles moram "em paz com a humanidade", protegendo-a e tudo o mais. Só que eles não protegem o "mundo, a humanidade". Eles protegem os interesses dos gringos, tanto que aparecem "servindo o mundo" invadindo um suposto território de testes nucleares, cheio de árabes. É ridículo, o filme o tempo todo fala de mundo no geral, mas o governo gringo manda e desmanda, e os robots se submetem ao ministério da defesa do país, o exército aparece no filme mais que os mesmos protagonistas, os maus são sempre moreninhos. E no final, quando os robôs do mal são destruídos, uma bandeira gigante americana é enquadrada, sem nenhuma razão para estar no meio de uma rua, ondeando vitoriosa ao vento. Eu sei que o filme é produzido nos EUA, mas é patético. Os EUA declarando ao mundo seu direito, saído de sei lá que decreto invisível, de tomar decisões sobre o mundo inteiro. O outro foi Velozes e Furiosos 5, outra piada, onde os bandidos ladrões de carros de repente são os mocinhos aqui no Rio, com direito a matar policiais cariocas com a desculpa de que "são corruptos", e a destruir a cidade. E nem falar do policial bombadão americano, que faz e desfaz nas ruas do Rio, invadindo a favela e matando à vontade, sem intervenção da dita polícia "má". Eu fiquei rindo, se fosse de verdade, os gringos nem iam ousar pôr o pé na favela, iam sair correndo de medo! E claro, depois de destruir meia cidade, fechar a ponte Rio-Niterói e tudo o mais, os safados ainda saem intocados. 
Eu acho que esses estereótipos dos filmes americanos estão cada vez mais ridículos. Cada vez mais aparecem filmes sem noção onde eles são os donos do mundo. E não aguento isso. Nacionalismo é bom?  Claro, vejam aonde levou o nacionalismo excessivo a Hitler! E o engraçado é que o resto do mundo consome esses filmes e ainda gosta. Obaaaa! Os gringos destruindo o Rio, obaaaaa!
Outra coisa em que venho pensando é o racismo. O racismo nas pequenas coisas. Se eu pergunto na rua às pessoas se elas são racistas, vão falar que não. Mas os seus atos, até um pequeno porém fazem toda a diferença. Ontem, por exemplo, estava falando pela net com um sujeito da Argentina, e achei absurdo quando ele disse "a criminalidade está aumentando aqui", ao que respondi, que, tristemente, até na cidadezinha onde moro tem crimes. Ele respondeu: "Ah, claro, lá com tanto mulato, deve ser mesmo...". Isso demonstra duas coisas: o sujeito acha que os brasileiros são todos negros, e o pior, que por isso há crime. É absurdo! Eu disse que a raça não importa, se o sujeito é mau, pode ser até da cor do leite, que vai assaltar, matar, traficar. Se fosse só esse sujeito que pensasse assim, até que passa, mas há muitos por ai que pensam igual, que colocam na cor da pele a culpa: ahh, o negro é preguiçoso, não gosta de trabalhar, são todos bandidos... como Hitler também disse, eles são a causa da decadência da sociedade (para ele todos os não arianos eram). Assim, mesmo que as pessoas não gostem de Hitler, olha elas seguindo os passos dele! Não matam, claro, mas o racismo está ai, escondido, prestes a sair em olhares fechados, em frases como "ele é negro, mas é boa gente". Poxa, como assim "mas"? Como assim que os negros bonitos são descendentes de alguma mistura com branco? (o pior é que tudo isso já ouvi isso, de verdade, dito com a maior convicção!!!) Como assim que os negros são isso ou aquilo?  Eu não entendo, as pessoas falam de modernidade, execram os crimes do Hitler, mas estão igualzinhos! Intolerância à ordem do dia! 
Para terminar, outra questão: as propagandas absurdas e machistas que há nestes dias na televisão. Fiquei de queixo caído quando vi a porcaria de publicidade do desodorante Axe. Esses comerciais sempre foram um lixo, mas chegaram ao extremo de tratar as mulheres explicitamente como bichos. Claro, não está escrito, mas o homem na arca, esperando o seu "rebanho" chegar... Noé deve estar morrendo de raiva, afinal ele ficou fechado nessa nau com um monte de bicho fedorento, podia ter feito o que o sujeito do comercial fez e encher a arca de mulheres... olha ai um pensamento bem machista! É absurdo que ninguém reclame, que as pessoas não percebam. Mulheres, cadê vocês?  Outros comerciais igualmente sem noção, totalmente ridículos, são aqueles do carnaval. O homem saindo de sua casa, triste, para a guerra, para depois aparecer pulando no carnaval rodeado de mulheres rebolando, enquanto a esposa está em casa... que coisa mais machista! Esse negócio da mulher ficar em casa enquanto o homem se diverte é coisa da época dos meus avós! Absurdo uma coisa dessas em pleno século XXI! Que a mulher não pode sair e curtir as festas junto com o marido?  Ahh, não, claro, que graça tem se ele não vai por ai com outras, não é verdade?  Essas publicidades me dão nojo. 
Aiaiaiai sociedade, nos achamos tão modernos, e todavia temos tanto passado revivendo por ai...


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De respeito e o que aconteceu no Afeganistão
De Ideologias e a Visão que os E.U.A Têm do Resto do Mundo
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